A Iniciativa Global pela Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima lançou um chamado internacional para identificar e ampliar iniciativas voltadas ao enfrentamento da desinformação climática. A ação, que conta com apoio da Presidência da COP30, integra o Mutirão Global convocado pelo Brasil e tem como foco promover o acesso à informação confiável e fortalecer a ação climática global.
A convocatória está aberta até 31 de agosto de 2025 e busca engajar governos, instituições acadêmicas, setor privado, organizações da sociedade civil e imprensa. As propostas selecionadas serão apresentadas na COP30, em novembro, como parte da Agenda de Ação Climática Global.
Tema inédito na agenda da COP
Pela primeira vez, a integridade da informação sobre mudança do clima entra na pauta oficial de uma Conferência das Partes da ONU, graças à articulação da Presidência brasileira da COP30. O objetivo é responder a campanhas de desinformação que desaceleram ou comprometem políticas públicas voltadas à emergência climática.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Cúpula do G20 em 2024, afirmou:
“A ação climática também é profundamente afetada pelo negacionismo e pela desinformação. Essa iniciativa reunirá esforços globais para garantir o acesso à informação confiável.”
Apoio da ONU e da UNESCO
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo contra o que chamou de “campanhas coordenadas de desinformação”, que incluem desde o negacionismo climático até o greenwashing e ataques a cientistas.
A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, também endossou o movimento e destacou o papel da imprensa e da ciência. “Vamos apoiar jornalistas e pesquisadores que, muitas vezes sob risco pessoal, combatem a desinformação climática nas redes”, afirmou.
Desinformação como risco global
Segundo o Relatório Global de Riscos da ONU, publicado este mês, a desinformação foi apontada como a principal vulnerabilidade em escala mundial, agravando ainda mais a inação diante de riscos ambientais.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) também já alertava, desde 2022, que a distorção deliberada da ciência “enfraquece a percepção da urgência e o consenso científico”.
Ações que podem ser inscritas
Organizações poderão inscrever projetos já existentes nas seguintes áreas:
-
Pesquisa sobre desinformação climática;
-
Desenvolvimento de ferramentas para integridade da informação;
-
Campanhas e estratégias de comunicação;
-
Apoio ao jornalismo ambiental;
-
Proteção de dados científicos;
-
Transparência em publicidade e cadeia de suprimentos;
-
Letramento digital e midiático com foco em mudanças climáticas.
Fundo global e avaliação das propostas
Além do envio de ações, o Mutirão também convida parceiros a contribuírem com doações ao Fundo Global para a Integridade da Informação sobre o Clima, gerido pela UNESCO.
As propostas serão avaliadas pelo Comitê Gestor da Iniciativa Global e pelo Grupo de Assessoramento, podendo integrar oficialmente a agenda da COP30.
Um esforço ético e colaborativo
Para Frederico Assis, enviado especial da COP30 para a Integridade da Informação, combater a desinformação é um dever ético:
“Informações falsas minam a credibilidade do processo e desestimulam a ação climática. O fardo recai sobre as nações mais vulneráveis. Integridade informacional é compromisso com o futuro comum.”
A CEO da COP30, Ana Toni, acrescenta:
“Se começarmos a duvidar do sistema multilateral, a desinformação vence. Precisamos resgatar a confiança e celebrar marcos como o Acordo de Paris.”
A Iniciativa Global conta com a participação da ONU, UNFCCC, UNESCO, Brasil, França, Dinamarca, Chile, Suécia, Reino Unido, Marrocos e parceiros como IPCC, WMO, IOM e Fórum sobre Informação e Democracia.