A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, reforçou nesta quarta-feira (9), no Rio de Janeiro, a importância do uso de moedas locais nos financiamentos realizados pelo bloco Brics. Essa medida é vista como crucial para um desenvolvimento sustentável mais eficiente. Segundo ela, a ampliação dessa prática em empréstimos multilaterais, em vez do dólar ou euro, oferece maior segurança e menos flutuações de preços, facilitando o pagamento das dívidas pelos países.
Financiamento em Moedas Locais: Vantagens e Metas do NDB
Durante o seminário “A Transição Energética e a Sustentabilidade do Futuro”, na sede do BNDES, Dilma Rousseff explicou que o NDB, também conhecido como Banco do Brics, foi criado para mobilizar recursos e financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em economias emergentes. A opção por moedas locais diminui os riscos cambiais, especialmente em financiamentos de longo prazo, onde a desvalorização da moeda ou o aumento das taxas de juros internacionais podem comprometer a capacidade de pagamento.
Atualmente, cerca de 25% da carteira do NDB está em moedas locais. A meta é atingir 30% até 2026, posicionando o banco na vanguarda entre as instituições multilaterais que operam dessa forma. A presidente do NDB ressaltou que esta abordagem protege os países de políticas monetárias externas incontroláveis, que podem impactar negativamente seus balanços financeiros.
Expansão e Impacto do Banco do Brics
A adoção de políticas que favorecem os membros do Brics, como o uso de moedas locais, tem gerado reações internacionais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a ameaçar taxar os países que adotarem o que ele considera políticas “antiamericanas”.
Os fundadores do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) são os maiores depositantes de recursos do NDB. No entanto, a filiação ao Brics não garante acesso direto ao banco. Atualmente, o NDB conta com 11 membros, incluindo Emirados Árabes, Bangladesh, Egito, Argélia, Uzbequistão e Colômbia, além dos países fundadores. Desde sua criação em 2014, o banco já aprovou 122 projetos de investimento, totalizando aproximadamente US$ 40 bilhões. Para o Brasil, foram aprovados 29 projetos, somando US$ 7 bilhões, com um desembolso de US$ 4 bilhões, representando 18% do total desembolsado pelo banco.