Rio de Janeiro, Brasil – Com o objetivo de acelerar a integração comercial, empresários, diplomatas e representantes governamentais do Brasil e da Índia se reuniram nesta segunda-feira, 7 de julho de 2025, no Fórum Econômico Brasil–Índia. O evento, realizado paralelamente à Reunião de Cúpula do Brics e em honra à visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao Brasil, buscou identificar novas oportunidades de parcerias entre os dois países.
O fórum ocorreu no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava prevista, mas foi cancelada, pois Lula embarcou para Brasília, onde receberá Modi nesta terça-feira (8) no Palácio do Planalto. Com a Índia assumindo a presidência do Brics no próximo ano, o país asiático teve destaque na programação da cidade. O encontro identificou 385 oportunidades para produtos brasileiros no mercado indiano, abrangendo setores como combustíveis minerais, máquinas e equipamentos de transporte, artigos manufaturados, produtos químicos, e óleos animais e vegetais.
Potencial de Crescimento e Complementaridade Econômica
O Fórum Econômico Brasil–Índia foi promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara de Comércio Índia–Brasil (CCIB) e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI).
Na abertura do evento, Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, ressaltou o Brasil como um dos principais destinos de investimentos estrangeiros e a Índia, cuja população superou a da China em 2023, como um mercado repleto de oportunidades. “No caso da Índia, não teremos outra oportunidade tão grande como esta, porque a relação entre os dois países não tem conflitos, são países amigos e gigantes territorial e populacionalmente”, afirmou Viana. Ele destacou que o comércio bilateral, atualmente em torno de R$ 12 bilhões, é ainda muito pequeno diante do potencial, especialmente por ser concentrado em poucos produtos, indicando um vasto espaço para crescimento.
Ricardo Alban, presidente da CNI, enfatizou a complementaridade entre as economias brasileira e indiana. “Temos muitas demandas em comum com relação à cana-de-açúcar, ao açúcar e ao etanol. Podemos, juntos, ser protagonistas no fornecimento de combustível sustentável de aviação para o mundo”, declarou Alban, reforçando que a busca por complementaridade, e não competição, é crucial para o avanço das relações.
Criação de Conselho Empresarial e Visão Multilateral
Durante o encontro, a CNI e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria Indianas anunciaram a criação do Conselho Empresarial Brasil–Índia. A nova entidade terá como missão promover o diálogo entre empresários e governos, além de formular propostas conjuntas para melhorar o ambiente de negócios e incentivar o comércio e os investimentos bilaterais.
Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do MDIC, pontuou que Brasil e Índia podem colaborar na busca por um novo modelo de desenvolvimento, focado na economia verde, digital e na inclusão social. “O Brasil possui um vasto mercado interno, um parque industrial resiliente e uma diplomacia econômica ativa”, disse Rosa, destacando a disposição do governo em gerar oportunidades e justiça social. Ele citou segmentos como máquinas e equipamentos, fertilizantes, biofármacos, economia digital, economia circular e transição energética como áreas para intensificação de parcerias.
Laudemar Aguiar, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que o fórum visa consolidar uma agenda bilateral autônoma, considerando o peso político de ambos os países e priorizando o multilateralismo e o desenvolvimento sustentável. “A cooperação entre nossos países não é apenas estratégica, ela é necessária para a construção de uma ordem internacional mais equitativa, inclusiva e sustentável”, salientou.
Em 2024, a Índia, quinta maior economia global, foi apenas o 13º destino das exportações brasileiras e a sexta maior origem das importações. O principal produto exportado pelo Brasil foi o açúcar, e os importados foram compostos organo-inorgânicos e medicamentos. Em termos de investimentos diretos, a Índia investiu US$ 2,93 bilhões no Brasil em 2023, ficando em 28º lugar, enquanto o estoque de investimentos brasileiros na Índia foi de apenas US$ 41,21 milhões.