A Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO) comemorou a assinatura do memorando de entendimento entre Brasil e China para a realização de estudos sobre a implantação de um corredor ferroviário intercontinental. O projeto prevê a construção de uma linha férrea que conectará o Brasil ao porto de Chancay, no Peru, integrando modais e reduzindo o tempo de transporte até o mercado asiático, especialmente a China.
A ferrovia deve partir da Bahia, cruzar Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, e seguir até o litoral peruano, viabilizando um novo eixo logístico de exportação pelo Oceano Pacífico.
Porto Velho como ponto estratégico
A capital rondoniense aparece como um dos principais pontos de passagem do novo corredor, interligando os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. Para o presidente da FIERO, Marcelo Thomé, o projeto é uma virada estratégica para o estado.
“Rondônia tem vocação natural para ser um corredor logístico do Brasil rumo ao Pacífico. A ferrovia trará ganhos em infraestrutura e ampliará a competitividade da produção nacional no mercado internacional”, destacou Thomé.
Ele ressaltou ainda que a FIERO defende há anos investimentos estruturantes como esse, com foco na abertura do mercado andino e na redução do Custo Brasil para os produtores.
Chancay como nova rota de exportação
O porto de Chancay, operado pela estatal chinesa Cosco Shipping Lines, é considerado uma nova rota estratégica para escoamento de commodities brasileiras como soja, milho, carne bovina e celulose, principais produtos exportados por Rondônia para a China.
Em 2023, as exportações do estado para a China somaram US$ 525 milhões, segundo o Observatório da Indústria de Rondônia. Já as importações ficaram em US$ 536 milhões.
O gerente-geral da Cosco, Luo Peijie, já esteve na sede da FIERO para debater parcerias comerciais e identificar oportunidades de negócios com a indústria rondoniense.
Menos tempo, mais competitividade
Estudos iniciais indicam que, com a ferrovia, o tempo de transporte entre o Brasil e a Ásia poderá ser reduzido de 40 para 28 dias, uma diferença logística significativa que pode gerar ganhos em escala e eficiência para o setor produtivo.
Paralelamente, a reestruturação da BR-364, em processo de concessão, deve complementar os investimentos na malha logística, oferecendo melhor mobilidade e segurança viária no eixo Norte-Sul.
“A logística é o principal componente de custo para os nossos empresários. Reduzir o Custo Brasil é uma bandeira histórica da FIERO. Celebramos com entusiasmo cada avanço nessa direção”, concluiu Marcelo Thomé.
Assinatura oficial
O memorando foi firmado entre a Infra S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Econômico da China Railway, durante cerimônia virtual realizada na segunda-feira (7), com participação de autoridades brasileiras e da embaixada da China.