O processo é simples e leva o votante diretamente ao perfil da escritora rondoniense Cleide Blackan. Ela é natural de Porto Velho, descendente de barbadianos em quarta geração, e autora do livro intitulado “Do Mar do Caribe à Beira do Madeira: A travessia de uma família de Barbados para o Brasil”.
A obra, segundo Cleide, surgiu de um sarau e, apesar de ser um escrito infantojuvenil, não se destina somente às crianças, mas também aos adultos. Traz uma narrativa que a história oficial não conta, como a dos vapores que partiam das ilhas de Barbados, dos EUA e da Inglaterra, no século XIX e início do século XX. Esses vapores paravam na ilha por cerca de duas semanas, abastecendo-se e trocando roupas e cargas. O combustível utilizado era a queima de madeira. Negros e negras das ilhas vizinhas frequentemente embarcavam nesses navios em busca de melhor qualidade de vida, numa viagem que passava pelo Canal do Panamá, Belém, Manaus e, finalmente, Porto Velho.
Pela literatura, a pesquisadora concorre ao Prémio Nacional de Afroliteratura Infatojuvenil “Êre Dendê”, uma iniciativa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia em parceria com o Ministério da Igualdade Racial. Na página, o votante deverá apresentar o nome completo, endereço de e-mail e número de telefone. Após isso, basta aceitar o regulamento e clicar em “Salvar”.
Para o Ministério da Igualdade Racial, o prêmio visa reconhecer obras literárias que valorizam e preservam as tradições, os saberes e a diversidade cultural dos povos e das comunidades tradicionais de terreiro e de matriz africana. A linguagem explorada no livro de Cleide Blackman se alinha precisamente a essa intenção. “É uma nova história, uma nova historiografia. Doámos, no total, mais de 100 livros a instituições como bibliotecas e a descendentes dessa comunidade, incluindo crianças que não pertencem a ela. O mais importante: todos se reconhecem na obra”, finaliza.
O período de votação para eleger o livro do autora de Porto Velho termina em 6 de julho.