Uma nova regra do governo federal promete tirar o sono de muitos produtores rurais de Rondônia e de outras regiões do país. Publicada nesta terça-feira (10) no Diário Oficial da União, a Portaria nº 805/2025 criou o Programa Nacional de Rastreabilidade de Agrotóxicos e Afins (PNRA), que vai obrigar quem trabalha na roça a informar, com riqueza de detalhes, o caminho percorrido por cada produto químico — desde a importação, passando pela distribuição, transporte e até a aplicação na lavoura.
Segundo a nova regra, tudo precisará estar registrado: embalagens com códigos QR ou chips, uso de plataformas digitais, aplicativos públicos e identificação nos caminhões de transporte por meio do sistema Brasil-ID/Rastro-ID. Em resumo: qualquer produto usado no campo vai cair no radar do governo, com dados enviados para um sistema nacional chamado SIR. Até lojas agropecuárias, cooperativas, armazéns e centros de descarte de embalagens terão que se enquadrar.
O Ministério da Agricultura alega que a medida é para garantir a segurança alimentar e evitar fraudes, mas não explica como os pequenos produtores vão bancar os custos para se adequar a essa exigência em apenas 120 dias. A exigência tecnológica pode significar mais dor de cabeça, especialmente para quem vive longe das capitais, com pouca internet e sem acesso a recursos para digitalização.
No campo, o clima é de preocupação. Muitos produtores já falam em mais uma burocracia imposta por quem não conhece a realidade da roça. “A gente só quer trabalhar em paz, mas parece que estão sempre inventando mais coisa pra travar a vida de quem produz”, disse o produtor Francisco Maia do Distrito de Extrema, em Porto Velho, que teme não conseguir se adaptar a tempo e acabar multado ou impedido de comercializar sua produção.