Existe um Brasil que ainda não se dobrou ao turismo massificado, que preserva sua identidade sem maquiagem e convida o visitante a desacelerar — não por moda, mas por natureza. Esse Brasil resiste em Baía Formosa, um pequeno município no extremo sul do Rio Grande do Norte, já na divisa com a Paraíba. Um refúgio de paisagens intocadas, mar vibrante, povo acolhedor e experiências que despertam todos os sentidos.
Com pouco mais de 9 mil habitantes, Baía Formosa ainda guarda o charme de uma vila de pescadores, onde as rotinas são pautadas pelas marés e pelas luas. A cidade ganhou projeção nacional por ser a terra natal do campeão mundial de surfe Ítalo Ferreira, mas o encanto vai muito além das ondas. Aqui, o verdadeiro luxo é o que não se vê no Instagram: o silêncio das manhãs, o cheiro de maresia, o som das jangadas voltando do mar com a pesca do dia.
Uma paisagem moldada pelo tempo e pelo vento
A geografia de Baía Formosa é generosa. A orla é recortada por praias extensas, falésias avermelhadas, coqueirais e pontos onde a Mata Atlântica toca o mar — algo raro no litoral brasileiro. A Praia do Pontal, com suas águas mornas e calmas, é perfeita para banhos e caminhadas ao entardecer. Já a Praia de Sagi, quase na fronteira com a Paraíba, tem um clima rústico e selvagem, com vilarejos onde o tempo parece ter parado.
Uma joia escondida da região é a Lagoa da Coca-Cola, dentro da Reserva Natural da Mata Estrela — uma das maiores reservas privadas de Mata Atlântica do Nordeste. A coloração escura da água se deve à presença de taninos naturais, e o banho ali é tido como medicinal pelos locais. A sensação é de estar mergulhando na própria essência da floresta.
Cultura, hospitalidade e sabores autênticos
O povo de Baía Formosa tem orgulho de suas raízes. A pesca artesanal, o artesanato em palha, as festas de padroeiro e a música popular são elementos vivos no cotidiano da cidade. O visitante é recebido com simplicidade e generosidade — não há simulações, nem pressa.
Na mesa, os sabores são marcados pela abundância do mar. O peixe grelhado com farofa e vinagrete, a moqueca de camarão e a lagosta na manteiga são servidos à beira-mar com vista privilegiada. E, como sommelier, posso dizer: nada combina melhor com esses pratos do que um vinho branco mineral, um rosé leve e frutado ou até um espumante brut bem gelado. A harmonização perfeita, nesse caso, vai além do copo — ela inclui o vento no rosto, o som das ondas e a simplicidade que transforma o ordinário em inesquecível.
Um convite ao essencial
Baía Formosa é mais que um destino turístico: é um lugar para se reconectar. É onde os sentidos se reeducam, onde a paisagem cura, e onde a vida desacelera para voltar ao compasso natural. É como aquele vinho que não tem rótulo famoso, mas que surpreende pela honestidade, pela origem e pela autenticidade.
E talvez esse seja o maior valor de Baía Formosa: nos lembrar que o que é essencial nunca se perde — apenas se esconde, à espera de um olhar mais atento.
A magia de Baía Formosa ganha uma nova dimensão quando se hospeda em um local que respira o mar: a Pousada Pé na Areia — a poucos passos da água, com bar, salão compartilhado, internet Wi‑Fi e conforto rústico bem integrado à paisagem.
Chegar e se desconectar
Ao amanhecer, o som das ondas invade o quarto — onde a cama, o ar-condicionado e um modesto frigobar esperam pelo viajante. A proximidade do mar transforma o céu em palco, com cada nascer do sol se tornando um ritual particular. Este tipo de imersão é rara e preciosa: em vez de uma varanda genérica, você acorda literalmente com os pés na areia.
Estrutura simples, impacto emocional
A pousada oferece ambientes compartilhados acolhedores, com bar à beira-mar e lounge onde turistas e locais se misturam. Sem estacionamento, sem ostentação — mas com o básico bem feito: conexão Wi‑Fi, café da manhã e muita liberdade.
Hospedagem como parte da narrativa
Em minhas noites ali, o jantar no bar da pousada — acompanhado por uma conversa solta com outros hóspedes — ganhou sabor de experiência genuína. O ambiente simples tornou-se parte da história, não apenas um pano de fundo para o destino.
Impressões sensoriais — além da estadia
• Conexão plena com a paisagem: ser acordado pela maré, caminhar na areia até o café e se despedir da lua vermelha ao entardecer.
• Hospitalidade sem artifícios: simplicidade genuína nas trocas de olhares e nos pratos servidos no bar da pousada.
• Harmonia com a natureza: quartos sóbrios, mas integrados ao ambiente, como se fossem parte da praia.
Ressignificando o luxo
Se o luxo for velocidade, sofisticação visual ou design, Baía Formosa e a Pousada Pé na Areia não adotam esse discurso. Mas se o luxo for silêncio, autenticidade e tempo — então ali se encontra um luxo refinado, que se bebe lentamente, como um vinho natural.
Veredito final
Hospedar-se na Pousada Pé na Areia é escolher protagonizar sua estadia. Você não apenas visita Baía Formosa — você a vive, com todos os sentidos. Cada manhã e cada conversa torna-se parte integral da essência do lugar, transformando a hospedagem num capítulo vivo de uma narrativa simples, porém inesquecível.