O sonho de um quarto mandato de Evo Morales está cada vez mais distante. Envolvido em um escândalo sexual, Morales — que se tornou o primeiro presidente indígena da etnia aimará a presidir o país, cuja população é composta por cerca de 62% de indígenas — recebeu, nesta terça-feira (20), a notícia de que não poderá concorrer ao pleito eleitoral boliviano previsto para 17 de agosto.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) explicou que o impedimento se deve ao fato de que o partido ao qual Morales está filiado, o Pan-Bol – Partido de Ação Nacional Boliviano –, não possui reconhecimento jurídico. Além disso, segundo o órgão, nas eleições de 2020, a sigla não alcançou os 3% dos votos exigidos.
Evo Morales, de 66 anos, deixou o Movimento ao Socialismo (MAS) — hoje liderado pelo atual presidente Luis Arce — após disputas internas e por enxergar Arce como um rival em seu intento de retornar à presidência do país. Outro obstáculo que ronda sua candidatura neste ano diz respeito à quantidade de vezes em que já exerceu o cargo de presidente: um total de três mandatos. O Tribunal Supremo Eleitoral boliviano passou a limitar reeleições, sejam estas contínuas ou alternadas — o que se aplicaria ao caso de Evo, que governou a Bolívia de 2006 a 2019. Ele chegou a ser eleito para um quarto mandato, mas acabou renunciando sob pressão, após a oposição alegar indícios de fraude no processo eleitoral.
Em sua página oficial no Instagram, Morales publicou, na manhã de hoje, uma nota em que confirma sua intenção de manter a candidatura, apesar de o TSE já ter confirmado o cancelamento de seu registro. Outro impedimento à sua pretensão política decorre do escândalo sexual envolvendo menores, que motivou a ordem de prisão por parte da Justiça boliviana. Por conta disso, Evo tem se limitado a circular pela região do Chapare, em Cochabamba.