Na manhã desta sexta-feira (16), a emoção tomou conta do pátio da 17ª Companhia de Infantaria de Selva. Sob aplausos e olhares atentos de familiares e superiores, 147 jovens soldados concluíram o desafiador Estágio Base Combatente de Selva, uma jornada marcada por esforço extremo, noites mal dormidas, fome e chuva incessante.

O capitão José Sérgio, comandante da companhia, descreveu o momento como “uma virada de página na vida desses rapazes”. E de fato era. Durante a cerimônia, muitos não contiveram as lágrimas ao receberem, das mãos dos próprios familiares, o tão simbólico Gorro de Selva, um pequeno item de vestuário, mas com um peso imensurável para quem o conquista.

O treinamento, conhecido pela intensidade e por simular condições adversas do ambiente amazônico, testou não apenas o físico, mas principalmente o psicológico dos recrutas. Durante uma semana, foram submetidos a restrições severas, enfrentaram a solidão da mata e o desconforto de estar longe de qualquer comodidade. Ainda assim, nenhum deles desistiu.

“O que eles aprenderam aqui vai além da tática militar. Eles saem mais fortes, mais gratos, mais humanos”, destacou o Capitão. Entre os destaques da turma, um nome ecoou com carinho e orgulho: o recruta Jesus, reconhecido como o melhor do pelotão.
A Emoção de um Pai
Para Alexandro, a emoção de ver seu filho se formando é descrita como “inexplicável”. Este sentimento é comum entre muitos pais que testemunham seus filhos alcançando marcos significativos em suas vidas. No entanto, para ele, essa emoção é amplificada por um detalhe tocante: há exatos 20 anos, era ele quem estava naquela mesma posição, sentindo o peso e a honra do Gorro de Selva pela primeira vez.
Ao ver seu filho alcançar esse feito, Alexandro reviveu intensamente suas próprias experiências de duas décadas atrás. Cada detalhe da cerimônia trouxe à tona lembranças que pareciam adormecidas — o cheiro da farda, o som das ordens, o orgulho de superar a selva. Um ciclo de vida que se renova diante dos olhos.
Legado Familiar
A decisão do filho de seguir os mesmos passos do pai representa mais do que uma escolha profissional. É a confirmação de um legado que atravessa gerações. Para Alexandro, é uma prova de que os valores que cultivou — coragem, disciplina, honra — foram transmitidos com sucesso. Um vínculo que agora não é apenas de sangue, mas também de farda, missão e propósito.
Ao final da cerimônia, o que se viu foi mais do que a consagração de novos soldados. Viu-se mães e pais orgulhosos, jovens transformados e uma certeza comum: a de que a floresta ensinou mais do que técnicas, ela revelou a grandeza que há em cada um deles.