O influenciador digital Rico Melquiades participou, nesta quarta-feira (14), de uma sessão da CPI das Bets no Senado, onde fez uma demonstração ao vivo de como realiza apostas no chamado “Jogo do Tigrinho” por meio do celular.
Convidado para prestar esclarecimentos sobre contratos publicitários com plataformas de apostas online, Rico atendeu a um pedido da relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), durante seu depoimento. Os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Hiran Gonçalves (PP-RR), presidente da CPI, também acompanharam a simulação.
Durante a sessão, o influenciador realizou algumas apostas e relatou ter perdido em uma das rodadas, mas vencido em outras. Em seguida, recusou-se a fazer uma nova tentativa, alegando não querer incentivar o público presente a apostar.
Melquiades afirmou que aposta regularmente, como forma de lazer e para lidar com a ansiedade, prática que, segundo ele, também é comum entre seus familiares. Ele negou o uso de “contas demo” — perfis simulados fornecidos por empresas para simular ganhos e atrair apostadores — dizendo utilizar apenas contas pessoais em suas divulgações.
O influenciador confirmou possuir contratos publicitários com casas de apostas, mas negou envolvimento com operações ilegais e declarou que não recebe comissões adicionais com base nas perdas dos apostadores.
Com mais de 10 milhões de seguidores, Rico se apresenta como embaixador de uma plataforma de apostas que opera com base em liminar judicial, sem autorização formal do Ministério da Fazenda.
Durante o depoimento, ele alegou não ter plena consciência do impacto de suas postagens na vida dos seguidores e no risco de vício em jogos de azar. Também afirmou nunca ter sido informado diretamente sobre casos de compulsão entre seus seguidores, embora diga alertar sobre os riscos das apostas e a necessidade de responsabilidade ao jogar.
Rico é investigado pela Polícia Civil de Alagoas por supostamente promover casas de apostas ilegais. Em janeiro deste ano, foi alvo de operação que resultou no bloqueio de suas contas e apreensão de bens.
A CPI das Bets considera os depoimentos de influenciadores digitais fundamentais para entender como funcionam as estratégias de divulgação usadas pelas plataformas e discutir possíveis medidas regulatórias. Além de Rico, a influenciadora Virgínia Fonseca também foi ouvida pela comissão, negando irregularidades semelhantes.
A CPI tem prazo até junho para encerrar os trabalhos.