De 22 a 25 de abril, o Centro de Cultura e Formação Kanindé, em Porto Velho, será palco de um encontro que reunirá 40 indígenas, de Rondônia e do sul do Amazonas, para uma importante troca de conhecimentos sobre bioeconomia, gestão territorial e o uso de tecnologias na proteção dos territórios indígenas.
A iniciativa, que promove o diálogo entre saberes tradicionais e inovações tecnológicas, tem como foco o fortalecimento das estratégias de defesa dos territórios indígenas e da biodiversidade amazônica. A programação será dividida em módulos temáticos, com atividades práticas e rodas de conversa que abordarão desde rastreabilidade de produtos até o uso de drones para o monitoramento de ameaças que atingem o território.
No primeiro dia, os participantes serão introduzidos aos conceitos de bioeconomia e à importância da integração entre práticas ancestrais e modelos sustentáveis de desenvolvimento. Serão discutidas também ferramentas para garantir a rastreabilidade de cadeias produtivas como as da castanha e açaí, fundamentais para a valorização econômica e proteção dos territórios.
O segundo dia será dedicado ao uso de tecnologias digitais para proteção territorial. Entre os destaques estão as ferramentas Meu Território e Minhas Matrizes, que possibilitam a identificação quase em tempo real de desmatamentos, além do mapeamento e monitoramento de árvores produtivas.
Na terceira etapa do encontro, agentes ambientais indígenas apresentarão experiências de sucesso, boas práticas e aprendizados adquiridos em ações de monitoramento territorial. Serão discutidas ainda estratégias de articulação institucional e documentação como instrumentos para fortalecer a defesa dos territórios.
Nos últimos dias, os participantes receberão treinamento técnico no uso de drones para vigilância ambiental. A programação inclui atividades de campo, com simulações de planejamento de rotas, coleta de imagens e análise de dados, especialmente voltadas para áreas de difícil acesso.
Mais do que uma formação técnica, o encontro visa criar redes colaborativas entre comunidades, instituições e parceiros, construindo estratégias coletivas de proteção territorial. A proposta é unir tecnologias aos conhecimentos ancestrais de cada povo, promovendo uma abordagem eficaz para a preservação da floresta e a segurança das populações indígenas.
A formação integra as ações de dois projetos voltados à proteção territorial e fortalecimento das comunidades indígenas na Amazônia.
O primeiro é o Projeto Rede Floresta, desenvolvido pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com apoio do Ministério das Relações Exteriores da Noruega (MFA) e da Iniciativa Internacional para o Clima e Florestas da Noruega (NICFI). Em Rondônia, o projeto conta com a parceria da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e das associações indígenas Jupaú, Apoika, representando os povos Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna, respectivamente.
Já o segundo projeto é o Guardiões da Terra, uma iniciativa liderada pela Kanindé em parceria com a organização sueca Regnskogsföreningen e com as associações indígenas dos territórios Pirahã, Nove de Janeiro, Ipixuna e Jiahui. Juntas, essas ações buscam fortalecer a autonomia das comunidades na vigilância e proteção dos seus territórios, unindo saberes tradicionais e tecnologias inovadoras.