Nos últimos dias, os olhares começaram a se voltar para um problema que já acontecia no quintal de Rondônia. As filas quilométricas em um posto de combustível na cidade de Candeias do Jamari, distante 24 quilômetros da capital, Porto Velho, mostram o resultado do gargalo de uma situação que tem tudo para piorar. A falta de investimento em infraestrutura, incluindo no armazenamento, e a carência de capital na estruturação da BR-364 agravam o problema. Agora, as questões ambientais decorrentes das mudanças climáticas com interferência na Amazônia somam para os prejuízos.
Em Candeias do Jamari, uma fila de carretas carregadas com soja desafia a paciência dos caminhoneiros, enquanto aguardam para descarregar o produto em uma das estações de transferência, localizadas em Porto Velho. Até o início de março, o número de veículos parados passava de mil, e outras centenas precisaram estacionar às margens da rodovia por falta de espaço no estacionamento do posto privado.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Rondônia (Aprosoja) enxerga o gargalo na falta de investimento nos portos por parte dos governos estadual e federal. Ainda que haja algum investimento no setor, este, segundo a instituição, será insuficiente, considerando o aumento da produção nos últimos anos. Estima-se a produção de 2024/2025 superior a 700 mil hectares. Ao que tudo indica, o crescimento da agricultura nessa parte do país não está sendo acompanhado por mais investimentos.
Em entrevista a uma rede de televisão nacional, o presidente da Sociedade de Portos e Hidrovias (SOPH/RO), Fernando César, reconheceu a situação e, inclusive, defende que o contratempo seja um alerta para os governantes quanto ao investimento “em infraestrutura nos setores de armazenagem e escoamento”.

Quanto ao cenário das filas de carretas carregadas com soja, César aponta o atraso da safra de 2022 e de 2023, assim como o atraso no recebimento da produção, que é descarregada em Rondônia e que também chega ao estado vinda do noroeste.
Para a Aprosoja, o investimento em infraestrutura dos portos de Porto Velho precisa ser solucionado em curto prazo, do contrário o escoamento futuro poderá ser prejudicado ainda mais. “Infelizmente, nossa infraestrutura não está conseguindo absorver toda a produção, tanto de Rondônia quanto do noroeste do Mato Grosso, que escoa pelo Porto de Porto Velho. Esse é o retrato das filas, dos caminhões chegando a ficar até seis dias parados aguardando para descarregar”, lamenta Marcelo Lucas em entrevista ao Canal Rural.
Uma das soluções a curto prazo seria atrair investimentos neste setor, com empresas com mais empresas para o estado. Outra, segundo o diretor da Associação, é a ampliação do uso do espaço ocioso no porto gerenciado pelo Estado. “Temos aqui um porto público que deu uma concessão para uma empresa, mas que não está sendo usado em sua totalidade. Temos feito algumas reuniões com o diretor do porto (SOPH) para que ele veja alguma forma de abrir uma nova concessão para que se utilize na sua plenitude esse espaço”, finaliza.