Há 20 anos, o brutal assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang chocava o Brasil, evidenciando o país em um cenário perigoso para quem ousa confrontar os crimes de invasão e grilagem de terras na Amazônia. A freira foi morta com seis tiros à queima-roupa durante uma emboscada.
A investigação descobriu que o assassinato foi encomendado por fazendeiros ligados ao crime de grilagem de terras na região de Anapu, no Pará. O aniversário do assassinato da missionária, ocorrido em 12 de fevereiro de 2005, foi lembrado pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que detalhou seu último encontro com Dorothy.
“Estive com ela dias antes, em Brasília, em um café da manhã com parlamentares da frente ambientalista.”
Silva, que trouxe a informação em sua página oficial do Instagram, também divulgou o momento em que soube da morte da missionária. “Soubemos de sua morte durante a assembleia de criação da RESEX Verde para Sempre, em Porto de Moz, também no Pará”, recorda.
Na época, segundo a ministra, o cenário na região já era de grande tensão. “A tensão era palpável, com ameaças e intimidações. Foi terrível. O assassinato dela se deu no contexto do início da implementação de políticas públicas de combate ao desmatamento”, informa.
Marina, além de ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é uma fiel defensora da floresta amazônica, tendo sua história construída no estado do Acre.
“A Irmã Dorothy foi assassinada como represália ao seu trabalho pastoral em defesa dos povos tradicionais, dos trabalhadores rurais e das ações do governo na criação de unidades de conservação e reservas extrativistas”, pontua.
Silva também recordou que a morte de Dorothy foi recebida com alegria pelos criminosos. “A notícia da sua morte foi comemorada com fogos de artifício pelos seus algozes, um contraste brutal entre a vida que se perdia e a barbárie que florescia”, lamenta.
O assassinato de Dorothy, apesar do trágico desfecho, contribuiu para expor o Pará como um dos estados da Região Norte com os piores índices de crimes agrários. Além disso, transformou a missionária nascida nos Estados Unidos em uma mártir defensora da Amazônia. “A sua luta e seu legado em defesa da justiça social, dos povos da floresta e da Amazônia são uma inspiração para todos nós”, finalizou.