Sinopse:
“Esta definitivamente não é a minha melhor versão. O mundo já tem muito livro de autoajuda por aí, e eu estou mais pra anti-heroína do que pra mocinha. E é assim que eu prefiro me conectar com você: com a autenticidade que habita nossas piores versões, por meio de reflexões honestas sobre a vida que não postamos. Em meu primeiro livro, quero fazer um convite para abraçarmos nossas sombras e exaltarmos nossas imperfeições. Gente do avesso é tão mais interessante… Gente do avesso é tão mais gente…
Em meio à leitura destas páginas, espero que a gente reflita sobre os aspectos menos glamorosos das nossas histórias. Sem hipocrisia nem vergonha. É perfeitamente humano cansar de ser perfeito. A pressão para sermos equilibrados e elevados nos desumaniza. É muito fácil nos perdemos nas carícias de plástico que enchem nossa bola on-line enquanto adoecemos no mundo off-line, que exige de nós uma verdade muito mais genuína do que aquela que conseguimos manipular num post.
A vida que não pistamos sou eu nua e crua, uma bússola de vida pra quem ousa desagradar e faz coro com a frase que mais amo – “já que sou, o jeito é ser” – da Clarisse Lispector.
Já que somos… que sejamos!”
Resenha:
Hoje tenho o prazer de falar sobre “A Vida Que Não Postamos”, o primeiro livro da jornalista Mônica Salgado. Uma obra que surpreende e encanta com suas reflexões afiadas, perspicazes e incrivelmente divertidas. Esta leitura foi tudo que eu esperava da genial Mônica: cada página é uma dose essencial de verdades que eu nem sabia que precisava!
Mônica Salgado nos brinda com suas pensatas atrevidas, que são honestas e profundas, focadas na vida real sem filtros e longe das poses perfeitas que vemos nas redes sociais. É exatamente essa autenticidade e vulnerabilidade que a autora entrega em sua escrita e que permite uma conexão verdadeira com o leitor.
Ao longo das páginas, somos presenteados com textos muito bem escritos que abordam temas como a pressão para sermos perfeitos e os desafios de abraçar nossas imperfeições. Mônica também nos diverte com listas polêmicas, como o “Manual Anticafona”, e nos emociona com cartas escritas para pessoas especiais, como seu pai e sua madrinha.
Identifiquei-me profundamente com várias dessas pensatas, que me fizeram refletir sobre a importância de sermos autênticos, mesmo que isso signifique desagradar. Tenho certeza de que cada leitor também se sentirá representado pelos textos da jornalista.
Após finalizar esta leitura, posso afirmar: este livro é incrível e toda mulher deveria lê-lo! É uma leitura indispensável para todas aquelas que buscam encontrar beleza nas imperfeições e entender como é possível amar até mesmo o que não gostamos em nós e em quem mais gostamos. Leia “A Vida Que Não Postamos” e tome posse da sua verdadeira identidade para, assim, alcançar uma felicidade mais genuína.
Quote:
“Se você é firme, objetiva, pode ser grossa. Se você é muito reservada, pode ser antipática. Se você é muito amorosa, talvez seu lado B seja a carência. Se você tem fome de viver, provavelmente é ansiosa. Se é política demais, pode se anular tentando agradar todo mundo. Escolha suas qualidades e acolha os defeitos correspondente.
Temos sempre a parte boa e a ruim de sermos que escolhermos ser.” Página 48
“Relações equilibradas demandam que as partes cedam, se coloquem no lugar umas das outras e assumam papéis de mesma responsabilidade.” Página 60
“Pedir desculpas é uma das primeiras habilidades de relacionamento que nós aprendemos quando criança. Mas a verdade verdadeira é que a gente só pede desculpa porque nos mandam pedir – “Pede desculpa pra sua irmã, pro amiguinho…”, e a vai lá e obedece.
Conforme crescemos, tudo ganha novas camadas de complexidade e medo. A gente se convence de que pedir desculpa demostra fraqueza.” Página 65
“Mesmo que você não se arrependa do que fez, você pode pedir desculpa pelo impacto que sua ação ou sua fala teve no outro, mesmo que ele também tenha te machucado – lembre-se de que o objetivo é seguir, e não rodar em círculo.
Pedir desculpa é central pra tudo o que é importante pra nós. Somos todos humanos. Todos ferramos as coisas às vezes.” Página 67
“O ponto de partida é mesmo decidir perdoar.
… perdoar não é esquecer, perdoar não é necessariamente se reconciliar, perdoar não significa que, depois do perdão, tudo voltará a ser como era. Não existe, para o perdão, a obrigação de compreender os motivos ou pensamentos de quem nos magoou.” Página 71
“… perdoar é desapegar. Desapegar gradualmente daquilo que nos causou dor. Não esquecer, mas deixar ir, estar disposta a reciclar a dor.” Página 72
“Ser quem somos exige coragem. Ser quem nós queremos ser exige coragem. E também algumas renúncias. Mas é seguro, é próspero e é lindo!” Página 74
“A coisa mais difícil é amar o que a gente não gosta em quem a gente mais gosta. Porque, assim, mesmo quando se trata das pessoas que a gente mais ama na vida, a gente não ama TUDO nessas pessoas. Ah, mas não ama mesmo.” Página 126
“… Meu marido é a pessoa mais correta, honesta e trabalhadora que se pode imaginar. Porém… ô, bichinho rabugento. É o cara do copo meio vazio, meu ranzinza favorito. Eu voo; ele aterrissa. Eu brinco; ele bronca. Eu festa; ele sofá. Eu terapia; ele silêncio. Eu exposição; ele resguardo. Eu gasto; ele poupa. Eu sonho; ele vida real.
Colocando assim até parece poesia, mas no dia a dia não é.
… Ainda bem que a corda da tolerância pode ser beeem elástica, não? Porque nada é mais humano do que amar “apesar de”.” Página 128
“Duvide de quem tem muita certeza sobre muitas coisas. De quem não prefere ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Duvide de quem atropela sutilezas, de quem o mundo de cima, do alto de suas certezas, de quem se veste de superioridade moral e aponta dedos supostamente em nome do bem comum, de quem acha que é o porta-voz do bem comum…” Página 151
“Raiva é um castigo que damos a nós mesmos pelo erro de outra pessoa.” Página 173
“Autoestima é estima de si. Sentimento de si. Ela acontece plena quando, em teoria, não estamos em briga com a gente mesmo. Quando nossa expectativa de nós mesmos se encaixa na realidade. O lance da expectativa/realidade? Imagina que lindo quando esses dois conceitos se tornam um só.” Página 183
“Você aguenta ser amado pelo que é, e não pelo que faz?” Página 203
“… Saímos por aí vestidos de espelho esperando sempre que o outro pense, responda e reaja como nós o faríamos.” Página 226