Depois do primeiro dia de prova no domingo (3/11), alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) se preparam para o segundo e último momento de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), dos mais de 4,3 milhões inscritos no Enem 2024, 73,4% participaram da prova neste domingo, 3 de novembro. O índice revela um aumento de 1,5% em relação ao Enem 2023, quando 71,9% dos inscritos compareceram. De Rondônia, são 38.546 participantes. E no IFRO há iniciativas que reforçam o apoio para estudantes conquistarem bons resultados.
Em todo o Brasil, foram 10.766 locais de prova e 11.635 coordenações, nas 149.724 salas de aplicação, em 1.753 municípios, distribuídos pelas 27 unidades da Federação. No próximo domingo, 10 de novembro, serão questões de ciências da natureza e matemática. O gabarito oficial e os Cadernos de Questões serão divulgados no portal do Inep no dia 20 de novembro. No domingo passado as provas foram de linguagens e ciências humanas. E o tema da redação era: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
Reforço em Física no Campus Colorado
Um aulão de revisão de Física foi realizado no Campus Colorado do Oeste para auxiliar estudantes na preparação para o Enem. O objetivo foi apresentar as competências e habilidades previstas na matriz curricular do Exame Nacional na área de ciências da natureza e suas tecnologias, especificamente em Física. A atividade “Competências e Habilidades de Física para o Enem” foi ministrada em 4 de novembro, no auditório do campus pelo Professor de Física, Márcio Adolfo de Almeida.
Foi voltada a todos os estudantes de 3º ano do ensino médio do campus e aqueles com interesse em fazer a prova do Enem neste ano. Além da atividade realizada no IFRO, o professor também levou essa preparação para a Escola Estadual Paulo de Assis Ribeiro, no município de Colorado do Oeste. Lá ele ministrou o aulão em 1º de novembro, sendo bem recebido pelos estudantes.
O conteúdo do aulão foi cuidadosamente organizado com base nas provas de Física dos últimos cinco anos do Enem, o que permitiu uma abordagem focada nas questões e padrões mais recorrentes. “O objetivo principal foi demonstrar as competências e habilidades da Matriz Curricular do Enem na área de ciências da natureza e suas tecnologias, com foco nas questões de Física”, explicou o docente.
Márcio Adolfo acredita que essas atividades têm grande importância para os alunos de escolas públicas, pois ajudam a conectar os conteúdos aprendidos em sala de aula com as competências e habilidades cobradas na prova do Enem. “É importante que os alunos compreendam como os exercícios de Física no ENEM se relacionam com as competências e habilidades descritas. Explicamos como os exercícios são elaborados e o que o ENEM espera dos estudantes durante a prova”. O professor ainda afirma que a proximidade do exame aumenta o engajamento, uma vez que estudantes ficam ansiosos para identificar conteúdos que aprenderam ao longo do ensino médio nas questões do Enem.
A revisão das questões, segundo ele, permite que os alunos “recordem os conteúdos abordados em sala de aula durante todo o ensino médio”. Entre os tópicos essenciais abordados, o professor destacou que as habilidades que envolvem movimento de partículas, corpos, objetos, entre outros são os mais cobrados. Por isso, trabalhou temas como movimento uniforme, lançamento vertical, lançamento de projéteis, movimento circular, empuxo, gases ideais, dilatação térmica e eletricidade, além de habilidades voltadas para a compreensão de fenômenos e resolução de problemas cotidianos.
Para os estudantes que ainda sentem insegurança em relação à Física, o professor deixou alguns conselhos práticos: “leiam os exercícios minuciosamente e retirem todas as informações pertinentes. Se não souberem as fórmulas, não se desesperem; com o conhecimento adquirido, é possível chegar na resposta correta. Por fim, resolvam primeiro as questões mais fáceis, e evitem ‘chutar’ as respostas”, aconselhou.
Desenvolvendo repertórios
No Instituto Federal de Rondônia sempre são desenvolvidos projetos e temáticas que contribuem na formação integral dos estudantes. De forma que muitas ações terminam elevando direta ou indiretamente o repertório dos(as) discentes do IFRO. Com relação às contribuições para melhor desempenho na prova dissertativa do Enem 2024, cujo tema envolveu “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, os campi do IFRO podem ofertar diferentes exemplos a serem compartilhados.
Durante a aplicação da prova de Redação, seis textos motivadores foram oferecidos para leitura: definição do dicionário da palavra “herança”; provérbio africano sobre a origem das pessoas; trecho de um samba-enredo da Mangueira; trecho de texto que falava que a cultura negra era muitas vezes reduzida a estereótipos no Brasil; e foto de alunos do Rio de Janeiro vendo um grafite do Zumbi dos Palmares.
No Campus Porto Velho Calama, por intermédio do Projeto de Extensão intitulado Cine Itinerante “Do mar do Caribe à beira do Madeira: Educação, Arte e Cultura cinematográfica em instituições de ensino”, o objetivo principal foi oportunizar o contato com a sétima arte, através do cinema itinerante em três escolas municipais e no próprio IFRO Calama. Através da exibição do documentário “Festival do Mar do Caribe à Beira do Madeira 2022 (dia 1)”. A atividade audiovisual de artes integradas traduz toda a obra da autora Cledenice Blackman, que desenvolve pesquisa junto à população imigrante do Caribe Inglês, à qual a pesquisadora denomina como afro-antilhana e à qual fez a cartografia.
No trabalho, desmistificou termos como: barbadiano(a), Alto do Bode, pioneirismo na educação em Rondônia dentre outras contribuições que tem como base imigrantes (homens, mulheres e crianças) e professoras dessa comunidade afro-antilhana. A pesquisa com os imigrantes e sua descendência contribuiu e vem contribuindo com a valorização da cultura africana e ao combate ao racismo estrutural. O projeto também contribuiu para desmistificar a própria história afro-antilhana, conforme explica a historiadora Cledenice Blackman, que trabalha a construção do conhecimento decolonial na tradição cultural portovelhense/amazônida, destacando as influências afro-amazônicas caribenhas inglesas.
“Haja vista que, no início do século XX, imigrantes e famílias afro-antilhanas deram surgimento a um bairro denominado Barbadian Town (Bairro dos Barbadianos), o projeto utiliza o recurso das artes integradas, agregando diferentes linguagens culturais, inclusive do cinema itinerante. Além disso, o projeto contribui para combate o racismo estrutural, tendo em vista, que conforme o Anuário de Segurança o estado de Rondônia é o segundo estado do país com mais casos de racismo”, explica Cledenice, que é servidora do IFRO Campus Calama.
Ela destaca também que o projeto Cine Itinerante “Do mar do Caribe à beira do Madeira: Educação, Arte e Cultura cinematográfica em instituições de Ensino” visa a contribuir para o cumprimento da Lei nº 10.639/03, posteriormente alterada para nº 11.645/2008, que orienta a obrigatoriedade para os estudos, e consequentemente, produções literárias sobre a cultura afro-brasileira, suas nuances, e inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e para o atendimento a Portaria nº 470, de 14 de maio de 2024, que institui a Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ). Inclusive, Blackman mostra dados nacionais de que apenas 17% das escolas fazem cumprir a lei étnica racial.
Cinema e educação
Desenvolvido pela Bibliotecária/Documentalista do Campus Porto Velho Calama, Cledenice Blackman, o Cine Itinerante é um projeto de extensão: “Do mar do Caribe à beira do Madeira: Educação, Arte e Cultura cinematográfica em instituições de Ensino”. O projeto foi institucionalizado via Edital nº 3/2024/PVCAL-CGAB/IFRO, de 23 de janeiro de 2024, conforme Edital de Institucionalização das Ações de Extensão – Fluxo Contínuo. E, também foi submetido, aprovado e contemplado pelo Edital de Chamamento Público nº 001/2023/Funcultural, para seleção de projetos artísticos culturais que contemplem o desenvolvimento e a produção de obras audiovisuais no munícipio de Porto Velho (RO), no âmbito da Lei Complementar nº 195 – Lei Paulo Gustavo, de 08 e julho de 2022, do Decreto nº 11.453, de 23 de março de 2023, e do Decreto nº 11.525, de 11 de maio de 2023.
Outra ação é desenvolvida pela Professora de Português, Josifran de Araújo, ao levar seus alunos e alunas dos primeiros anos a desmistificarem o conhecimento apresentando escritores(as) brasileiros(as) e regionais. Ela envolveu as seguintes turmas do IFRO Campus Calama: 1º A/B do Técnico em Eletrotécnica, 1º B do Técnico em Edificações e 1º A/B do Técnico em Informática.
Entre as leituras estiveram a biografia e livros produzidos pela Bibliotecária/Documentalista do campus, Cledenice Blackman. De forma que um grupo de alunos(as) entrevistaram, apresentaram a biografia e as obras: “Do mar do Caribe à beira do Madeira: Historiografia, Cultura e Imigração” (2019) e “Do mar do Caribe à beira do Madeira: A diáspora afro-antilhana para o Brasil” (2022). Ambas as obras estão disponíveis para consulta e empréstimo da comunidade acadêmica na Biblioteca do Campus Porto Velho Calama. Os livros foram doados própria autora.
Para Cledenice Blackman essas são ações, atividades e projetos que oportunizam a comunidade escolar desvendar a cultura hegemônica eurocentrada e, consequentemente, conhecer mais sobre a Cultura Africana. Além disso, que puderam contribuir na elaboração, possuindo um repertório instrumental e embasamento para elaborar o texto dissertativo do Enem 2024: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil.