Abril é o mês que o país celebra o “indígena brasileiro”. Em Rondônia, a data se transformou em um marco para evidenciar a resistência e luta indígena. E, justamente nesse mês, a justiça local agendou o julgamento do suspeito de matar um dos principais guardiões do Povo Uru-Eu-Wau-Wau, Ari, que atuava na linha de frente na proteção da terra indígena na região de Cacoal no interior de Rondônia.
Para à Polícia Federal (PF), que assumiu o caso a pedido da família ao perceber que as diligências não avançavam com a polícia estadual, divulgou no inquérito que Ari foi morto banalmente no dia, 17 de abril de 2020. Uma morte por motivo “fútil”, mas premeditada pelo assassino, o dono de um bar que (declarou ter matado a vítima) por não gostar dela. A versão é questionada por ativistas que levantam a tese de uma morte por encomenda.

Desde o acontecimento, amigos, familiares e principalmente ativistas, passaram encampar uma luta para que o caso não caísse no esquecimento e o assassino, finalmente pudesse ser preso. Em Rondônia, painéis foram espalhados por vários municípios com a imagens de Ari e a pergunta: “Quem mandou matar Ari-Uru-EU-Wau-Wau?”.
Em São Paulo, um painel gigante criado pelo artista “Mundano” traz o rosto e a metade do corpo de Ari. A criação foi baseada na fotografia do jornalista Gabriel Uchida. Midia Ninja, descreve o painel com “cerca de 618m² e está situado na rua Quintino Bocaiúva, próximo da Catedral da Sé” O ponto, segundo Mundano tem a ver com a história indígena neste local específico da capital paulista. “Onde hoje temos o marco zero da maior cidade da América Latina era território indígena, que foi ocupado em um processo de expulsão e morte dos povos originários que persiste até hoje. É o que estamos vendo na Amazônia, mas também em todas as regiões onde os indígenas ainda mantêm parte de suas terras. Por isso Ari foi retratado com terra do marco zero e cinzas da Amazônia – ambos territórios indígenas”, disse o artista Mundano ao Mídia Ninja.
A obra precisou do auxílio de quatro artistas para ser desenhada e demorou em torno de 10 dias. Detalhe da pintura é que ela leva cinzas das queimadas da floresta amazônica. Do Povo Uru-Eu-Wau-Wau, Ari integrava o grupo de guardiões da TI Sete de Setembro e Uru-Eu-Wau-Wau que combate a invasão do local por (colonos ilegais, os chamados invasores e madeireiros).
Ari, também era professor na aldeia 621.O indígena foi encontrado morto no dia, 17 de abril de 2020 jogando às margens de uma estrada de chão na divisa dos municípios de Jaru e Governador Jorge Teixeira. A morte, segundo inquérito da Polícia Federal foi ocorrida por golpes na cabeça. Na época, Ari Uru-Eu-Wau-Wau tinha 33 anos. Com informações de Mídia Ninja.