No mundo fenomênico florestal há sempre um sentimento de incompletude na alma de seus povos originários que buscam nos seus valores ancestro-cosmogônicos várias formas de luta e resistência contra a globalização neoliberal da sociedade envolvente.
Os ritos e mitos dos povos originários não são atributos axiológicos estáticos e congelados, pelo contrário, eles estão presentes nas singularidades e pluralidades de cada modo de vida de uma coletividade. Esses coletivos indígenas sobrevivem alimentados pela fé de uma espiritualidade que se apresenta como uma coluna de força contra a invisibilidade e apagamento de seus sagrados direitos constitucionais.
Nesse enfrentamento contra o status quo vigente, as nações indígenas no altar de uma visão holística, lutam para reencontrar os caminhos empáticos do bem viver. Mas a visão estereotipada de tudo da sociedade envolvente não permite a descolonização da mente e ainda abre espaço para ações reacionárias dentro dessas coletividades através de práticas clientelistas que asfixiam seus originais saberes ancestrais.
Esse modelo conservador de amarras coloniais é um estigma ardiloso que infelizmente faz perpetuar o engessado sistema mental europeizado, e que avessamente impede a descolonização necessária do ser. Lutar contra esse discurso hegemônico-dominante não é uma tarefa fácil, mas certamente, a resistência em desfavor desse conceito eurocêntrico opressor precisa continuar na sua forma mais obstinada possível.
O imaginário privilegiado dos povos indígenas não deve cair na invisibilidade, os seus saberes ancestrais não devem cair no esquecimento, e os seus direitos sagrados não devem ser minimizados diante de concepções estigmatizadoras da sociedade envolvente.