A severa estiagem que assola o estado do Amazonas elevou para 60 o número de municípios declarados em situação de emergência, afetando mais de 600 mil pessoas até o momento. Com apenas Presidente Figueiredo e Apuí escapando da lista de emergência, a magnitude do problema torna-se cada vez mais evidente. A Defesa Civil do Estado, em seu último boletim divulgado na quarta-feira (25), confirmou a adversidade que se abate sobre a região.
Com uma estiagem que já afetou 158 mil famílias, o governador Wilson Lima declarou situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado ainda em setembro. Os registros de focos de calor de janeiro a 24 de outubro somam 18.090, com 2.500 focos apenas na região metropolitana de Manaus. A situação agravou-se em outubro, que registrou 3.288 focos, mais do que o dobro em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Manaus enfrenta a pior seca em 121 anos, com a cota do Rio Negro atingindo 12,70m na quinta-feira (26), a menor desde 1902, quando as medições do volume do rio iniciaram. Este cenário de estiagem aguda coincide com a intensificação do fenômeno El Niño, caracterizado por alterações climáticas que incluem o enfraquecimento dos ventos alísios e o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico.

Entretanto, para Marcos Freitas, geógrafo e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o El Niño não é o único culpado. Ele sugere que a estiagem no Amazonas também está correlacionada ao aquecimento global, uma vez que as chuvas na região são predominantemente influenciadas pelas massas de ar do Oceano Atlântico. Em sua análise sobre a seca severa de 2010, Freitas já havia mapeado o aquecimento dos oceanos e as mudanças no uso do solo devido ao desmatamento, identificando um aumento acentuado na temperatura das águas do Atlântico.
Em diálogo com a Agência Brasil, Freitas compartilhou sua avaliação sobre a atual situação, correlacionando a seca às mudanças climáticas. Ele observou um aumento de temperatura de 4 graus no Oceano Atlântico, em contraste com um aumento de 2 graus no Oceano Pacífico causado pelo El Niño, ressaltando a influência direta das massas de ar atlânticas no clima da região do Rio Negro.
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O cenário exposto reitera a necessidade de medidas urgentes e investigações mais aprofundadas para entender e mitigar os impactos climáticos, não apenas no Amazonas, mas em toda a região amazônica. Enquanto o estado enfrenta os desafios imediatos trazidos pela estiagem, a situação também serve como um alarme para as implicações mais amplas das mudanças climáticas globais.
Com informações: Agencia Brasil