Há 10 anos, o déficit habitacional de Porto Velho (RO) era da ordem de 50 mil pessoas. Uma década após, a capital que hoje conta com pouco mais de 400 mil habitantes, cresceu, se esticou para os lados e para cima. De lá de cima, nasce à constatação que denuncia aqueles que detém o grande capital financeiro, daqueles que como sugere o ditado, infelizmente, “não tem onde cair morto”.
“Eu sendo profissional da área imobiliária fico triste quando vejo uma cena dessas. Quantas famílias poderiam ter um lar e eu “comissões”, esclarece e brinca, o corretor Silas Ribeiro.
O Silas tem toda razão. Edifícios abandonados poderiam ser adquiridos pelo (governo e a prefeitura) e entregues para quem sonha com uma casa própria, um lar para o resto da vida. Maria de Fátima, mora de favor na casa da filha. O sonho de uma moradia ainda faz parte dos planos. Ela só não sabe quando isso irá acontecer. “Sempre tive o sonho de ter uma casa, um lugar para chamar de meu, infelizmente não consegui ainda”, torce.
A necessidade de moradias para a população em Porto Velho, evidencia um ‘contraste’ ao percorrer as ruas na 3ª maior capital da Região Norte. Locais que abrigaram antigos prédios públicos, residências privadas e edificações, tudo no mais completo abandono. No metro quadrado mais caro de PVH, um prédio entre a rua México com a Sete de Setembro, há 14 anos teve a obra embargada.

O edifício, segundo informações, pertence à família Castro, donos do Hotel ‘Aquarius e Nautilus’. Drone It Pvh, detentor das imagens que usaremos nesta reportagem, sobrevoou o edifício e questionou a sua existência. “Mais um prédio abandonado aqui em Porto Velho. Se alguém souber os motivos dessa obra ter sido concluída, conta para a gente”, lamenta.
Nós, apuramos a informação. Na época, da paralisação, o Corpo de Bombeiros, alegou uma “rachadura em um dos pilares de sustentação”. Um perito da Polícia Civil, chegou a condenar a construção de 12 andares que já tinha todos os apartamentos vendidos, afirmando que “ela poderia desabar a qualquer instante”.
O certo é que a obra até o momento não caiu e mesmo tendo histórico de frágil, não foi demolida nem pelo dono e/ou as autoridades competentes do município. Na icônica, avenida Carlos Gomes, o luxo e o descartável se contrapõem. Entre lojas de ‘etiqueta’, dois edifícios desfilam pela decadência. O prédio que abrigou o hotel mais badalado de Porto Velho, o Vila Rica, hoje cede lugar a um aspecto sombrio.

Há sete anos, o edifício fechou as portas, abandonando uma história de 30 anos desde que Rondônia atendida por Território. Admirado por sua obra arquitetônica, o prédio do Vila Rica, contava com 222 apartamentos sendo oito suítes. Ao lado, outra obra abandonada que de acordo com informações, abrigaria uma filial do ‘Hotel Ibis’, representa a falência de pontos comerciais nesta parte da cidade.
Na época, o jornalista e cartunista João Zoghbi, lamentou o fechamento do hotel, que já recebeu artistas nacionais, e abriu espaço para abrigar exposições dos mais renomados artistas plásticos locais.
“Não teremos mais, grandes exposições coletivas e individuais de artes visuais no saguão em volta da fonte, por: Rita Queiroz, Júlio Carvalho, Flávio Dutka, Nonato Cavalcante, e, a entrega dos primeiros concursos do Prêmio Listel a João Zoghbi, Sônia Romanini, Geraldo Cruz”, (ZOGBI, João).
Quem caminha todos os dias no Espaço Alternativo já observou. A estaiada que leva o esportista de um canto para o outro, tendo a sensação de estar caminhando sobre as águas. No epicentro, as obras de valorização, demonstram a percepção das autoridades para a importância de investir no bem-estar da população. O ruim é quando o morador ao invés de ajudar, colabora para deixar a cidade prejudicada.

Exemplo? Logo no início, o edifício do antigo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), entre a avenida Jorge Teixeira e Davi Canabarro, desde que se mudou para outro ponto, estar em situação de ruína. Esquecido, mato e lixo, passaram a fazer parte da ‘ornamentação’. Assim, como os edifícios negligenciados pelos donos na capital, o espaço é mais um abrigo para o esconderijo de marginais e posteriormente de usuários de drogas.

Dos edifícios, partimos para as residências. Em Porto Velho, é outro problema que gera desconforto, e confronta, justamente como o embelezamento da cidade. Centenas delas, abandonadas, principalmente em locais de grande movimentação, prejudicam até mesmo aos moradores e desvalorizam os imóveis. Além de passar um aspecto de desleixo da entidade pública, quando na verdade, a obrigação é dos proprietários, que podem responder pela grosseria perante a lei.

Na rua Três e Meio, casas abandonadas são parte do cenário local, algumas até mansões. Na mesma região, o antigo local que abriu o Sest/Senat na rua da Beira, tem servido atualmente para moradia do mosquito Aedes Aegypt. As piscinas profissionais, estão largadas ao relento. O Google Maps com imagens do satélite, prova e sentenciam o descaso, diante das ‘pestanas’ das autoridades.