Por Renata Camurça
Desde o ano 2000, o dia, 28 de fevereiro, marca o Dia Mundial de Combate a LER/DORT. A data visa promover uma reflexão e buscar iniciativas que adotem políticas de prevenção de duas doenças causadas por esforços repetitivos e contínuos que atingem milhões de brasileiros.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu essa data para chamar atenção dos trabalhadores, empregados e autoridades a respeito da importância de adotar medidas protetivas contra a LER/DORT.
foto: paromed.com.br
A sigla LER (Lesão por Esforços Repetitivos) compreende um conjunto de doenças causadas pela realização de atividades contínuas e repetitivas. DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionando ao trabalho) também é um conjunto de doenças causadas por movimentos repetitivos durante a execução de um trabalho.
LER/DORT causam lesões nas estruturas dos tendões, músculos e ligamentos, sendo consequência do esforço físico em excesso, má postura, estresse e condições desfavoráveis de trabalho. Os distúrbios mais frequentes são as tendinites (principalmente na região do ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (na região lombar) e as mialgias (dores musculares).
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), a ocorrência de LER/DORT foi maior nos profissionais que atuam nos setores da indústria, comércio, alimentação, transporte e serviços domésticos de limpeza. Dentre essas profissões, os faxineiros, operadores de máquinas fixas, os alimentadores de linha de produção e os cozinheiros foram os mais atingidos com algum desses problemas de saúde no trabalho.
Essas doenças relacionadas ao trabalho, prejudicam a produtividade laboral, a participação na força de trabalho, comprometem o profissionalismo, o financeiro e a qualidade de vida do trabalhador. São responsáveis por maior parte dos afastamentos de trabalho, representam custos de pagamentos de indenizações e processos de reintegração à ocupação.
Os sintomas podem variar conforme o estágio da doença, desde um leve desconforto no membro afetado até dores insuportáveis, rigidez, inchaço, atrofia muscular e invalidez. Normalmente os sintomas iniciam de forma leve e pioram nos momentos de pico de produção ou no final do dia de trabalho.
O diagnóstico pode ser feito por um médico ortopedista, com base no histórico clínico detalhado, relato de comportamento de hábitos relevantes, histórico pessoal e familiar, exame físico e exames complementares como o Raio-X, Ultrassonografia, Ressonância Magnética e a Tomografia Computadorizada.
O tratamento pode incluir medicamentos como anti-inflamatórios e corticoides, aplicação de corticoides injetáveis no local da lesão, imobilização com uso de órteses (talas, coletes e cintas) com fisioterapia, cirurgia nos casos mais graves, e pode ser preciso trocar de função no trabalho ou se aposentar mais cedo.
Para prevenir o LER/DORT é preciso realizar correção no ambiente de trabalho, aderir novas formas e ferramentas de trabalho por parte da empresa e algumas ações individuais como, manter uma postura apropriada no horário de trabalho, fazer pausas e alongamento a cada 60 minutos, respeitar os limites do corpo, manter o monitor na altura dos olhos, praticar exercícios físicos regularmente, manter um estilo de vida saudável e outros cuidados.
São notórios os prejuízos causados por ambas doenças e se faz necessária uma conscientização por parte dos empregadores, trabalhadores e gestores públicos para criar ambientes de trabalho sadios. Mais do que isso é preciso uma mudança na cultura da sociedade para existir mais apoio aos já portadores de LER/DORT, facilitando tratamentos e a reabilitação e que invista e medidas de prevenção para combater de vez as doenças relacionadas ao trabalho.