Autor: Leo Ladeia
1- Pois é… O diabo não é tão feio quanto se pinta
Para desespero dos brazukas que adoram carros, alguns fabricantes – e a Ford foi a mais relevante – fecharam as portas. Ocorre que na Bahia a Ford mudou o rumo da prosa. Veículos fabricados no Brasil não são lucrativos, mas temos expertise em projetos, softwares, agregados e tecnologia para carros elétricos, em que a operação é vantajosa. A Ford vai operar para os dois gigantes EUA e China. No agronegócio o caminho é suave. A área de plantio vai crescer, temos sementes, fertilizantes, insumos e o mercado comprador está aquecido.
Claro que a Rússia vai continuar errática e complicando, mas dinheiro há de sobra no mercado, nossa economia dá sinais de recuperação no estilo gangorra: sobe um ano e desce outro. Sobre taxas, ganha uma tubaína quem acertar o custo de captação interna e externa.
A conta petróleo vai jogar contra todos e aí é torcer para que a ciência opere resolvendo as demandas como sempre faz durante as crises. Mas é aí que a porca torce o rabo.
A inflação nos EUA é a maior em 40 anos. O FED que errou a mão na política, terá que rever juros para cima. Difícil conjuntura, instrumentos limitados, um governante fraco e a inflação como nós brasileiros sabemos é voraz!
Na fila da montanha russa agora é subir e voltar com o sorriso amarelo. 2023 será uma bad trip. Que seja um ano tão breve quanto uma volta na montanha russa.
2- Sobre ventos, barcos e filósofos
O diabo se traveste para ocultar a cara e há quem diga que ele não é tão feio como se pinta. A um passo da eleição, o diabo abusa do engodo. Sem programas os dois inimigos irreconciliáveis se engalfinham no jogo de acusações e manipulação dos miseráveis com a bandeira do “quem quer dinheiro já?” – a PEC Kamikaze já foi aprovada pelo governo e abriu uma avenida por onde deve desfilar para o trator eleitoral verde e amarelo. Já a esquerda acena com a reedição do Bolsa Família do Luiz Inácio: “quem quer dinheiro quando eu ganhar?”.
Para eles o que importa são os seus umbigos, negócios, famílias e afirmação de suas ideologias. Qual o programa de governo qualquer um dos dois? “Estão ouvindo a sociedade”. Mentira. Engodo. Nada sabem de demandas sociais. Quem paga R$6.000,00 de diária num hotel em Brasília por exemplo passa longe do miserável. Quem é abastecido pelo cartão corporativo também. Ambos são marujos de segunda sonhando com o leme do “Titanic Brazuka”, sem competência para tanto.
“Navegar é preciso” disse Fernando Pessoa enquanto Sêneca afirmava que “não há vento favorável para quem não sabe aonde vai”. Despreparados, com falas antagônicas e ideológicas, os dois buscam um diabo palatável, tipo paz, amor e grana para enrolar o miserável faminto. O filósofo Diógenes, andava com uma lanterna acesa durante o dia “procurando um homem honesto”. Aqui no Brasil nesta quadra da vida política, honestidade é artigo raro. Nos meus sonhos lisérgicos penso num estadista para nos levar ao futuro, mas no “Supermercado Brasilis” o produto está em falta e não se fabrica mais por aqui. E não existe nem mesmo um “made in China”!.
3- Entre a cruz e a caldeirinha ou quem quer dinheiro
Abstenhamo-nos da paixão eleitoral e coloquemos um que de racionalidade na escolha que temos pela proa. Sem a terceira via resta para a eleição Bolsonaro que está no governo com a máquina na mão, distribuindo emendas, favores, cargos, fazendo e inaugurando obras e com 25% do eleitorado fiel e aguerrido.
A aura de moralidade a despeito dos ataques de parte da imprensa e dos adversários não colou nele e para quem acha que não sabe jogar ele é um centroavante rompedor. Um exemplo foi a tacada de mestre com apoio maciço do Congresso, inclusive da esquerda. Bolsonaro deu um nó com a PEC dos benefícios na cabeça dos políticos.
No outro corner está Lula com o carimbo de corrupto na testa e que não sai dele. Num debate como irá explicar que estar livre não é o mesmo que ser inocente. A sua militância é aritmeticamente, é igual à do Bolsonaro, mas a abordagem é diferente. Bolsonaro fala em mercado, Lula fala abrir o crédito e distribuir dinheiro, seu case de governo e que será impactado durante a campanha, já que a PEC dos Benefícios estará em pauta até dezembro e, portanto, distribuindo bondades ao eleitor pobre e de pouca memória.
A partir de janeiro o vencedor da refrega – seja quem for – irá comprar o Centrão e a vantagem está com Bolsonaro. Se tudo acontecer como no desenho, a renovação na Câmara Federal será pequena e a compra de parlamentares seguirá nos moldes atuais. Com Lula a compra terá de iniciar do zero face os traumas e a desconfiança que sua relação promíscua com o Centrão deixou. Tradução: é o mensalão que volta e a roleta vai girar de novo.
Leo Ladeia – 15 07 2022 – BBMP!
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