Em tempos de pandemia do novo coronavírus, os estados de Rondônia e Acre parecem seguir por caminhos totalmente inversos. Enquanto em Rondônia 17 deputados estaduais aprovaram um projeto de lei proibindo que se exija o passaporte de vacina, no Acre o governo não só exige o documento, como ainda obriga a cobrança em eventos com mais de 100 pessoas.
“Sinceramente, acho descabida proposta essa que vem ocorrendo aqui no estado pelos parlamentares. Sou professora e falo do cenário caótico que é trabalhar nas unidades onde quase ninguém já não respeita a doença, mas isso vem justamente de exemplos invertidos como este da casa de leis”, declara a professora que pediu anonimato.
Com informações da Agência de Notícias, órgão ligado ao governo estadual, na segunda-feira (22) o governo estará publicando no Diário Oficial as novas regras estabelecidas pelo Comitê Acre sem Covid. Entre elas medidas sanitárias e de fiscalização, além da exigência do ‘passaporte de vacinação’ em eventos com mais de 100 pessoas.
Por outro lado, em Rondônia, um projeto de lei de autoria do parlamentar Eyder Brasil (PSL) censurando a exigência do passaporte de vacinação foi aprovado por 17 votos contra 5. Na semana que vem o PL volta a ser debatido diante dos deputados devendo ser submetido a uma segunda votação, caso ele passe seguirá para um possível sansão do governador Marcos Rocha (sem partido).
O passaporte é um documento que garante ao cidadão ter sido vacinado contra a Covid-19. Outro ponto positivo é estimular a população a buscar a vacina. Até outubro, segundo o titular da Sesau, Fernando Máximo, cerca de 300 mil rondonienses e rondonianos estavam em falta com a segunda dose da vacina contra a Covid.
Na capital Porto Velho, o número apontava para 62 mil pessoas que não tinha tomado se quer a primeira dose. Os médicos alertam. Uma única dose não garante eficácia sem que seja completado o ciclo vacinal, as chances de ter uma recuperação ou sobreviver caso contraia a doença diminuem.
Para analistas, o PL aprovado pela ALE-RO é um retrocesso, tendo em vista todo trabalho já feito pelos organismos de saúde local. Além disso, provoca na população insegurança.
“Entendemos, talvez a preocupação de alguns deputados, mas não se pode baixar a guarda para a Covid. Sem vacina, sem estimulo de quem poderia contribuir para informar as pessoas dos cuidados, o estado só perde”, diz um infectologista que prefere não se mostrar.
De volta ao Acre, o governo teme o período de festas e está preocupado com as aglomerações que esses eventos de final de ano podem provocar ao cenário pandêmico. Até o momento, o Acre registra 1,845 mil mortos desde o início da pandemia em março de 2020.
Nos últimos meses os registros de casos também caíram, o governo atribui aos cuidados e principalmente a vacinação. A média diária de novos registros no Acre não tem chegado a dez. Há quase uma semana o estado não verifica óbitos. Até esta sexta-feira (19), 05 pessoas seguiam hospitalizadas em tratamento contra a doença.
Construção de memorial vai lembrar as vítimas
O governo acreano sensibilizado com a dor dos familiares autorizou a construção de um memorial em homenagem as vítimas da Covid-19. Segundo informações, a ação quer preservar a memória daqueles que lutaram contra a doença, mas que tiveram suas vidas interrompidas.
“Além de oferecer um local específico de luto e homenagem a familiares e amigos. Os esforços dos profissionais que atuaram na linha de frente no enfrentamento ao novo coronavírus também serão reconhecidos publicamente”, explica o governador Gladson Cameli (Progressistas).
Em Rondônia não tem memorial e o cenário ainda requer bastante cuidado. Desde março de 2020 a pandemia matou 6.594 pessoas. A doença mostrou que regras devem ser cumpridas e que não respeita a falta de limites.
Ainda existem 2.249 casos ativos, com 88 pacientes internados. Novos registros surgem gradativamente na unidade federativa, mas enquanto uns contribuem para salvar de fato vidas, outros dão um ponta pé para trás se jogando literalmente ao vento.