Desde que ganhou os holofotes com um discurso em forma de denúncia e assistido por centenas de líderes de governo, na abertura da COP-26 em Glasgow na Escócia, a ativista Txai Suruí, de 24 anos tem ganhado, literalmente a capa das páginas de jornais brasileiros e internacionais.
Entendido como um discurso necessário e sem meias palavras, o pronunciamento da filha de dois importantes ativistas indígenas de Rondônia, Almir Suruí e Ivaneide Bandeira, abriu espaço para discursões acerca da devastação da floresta amazônica, ao mesmo tempo que provocando a ira daqueles que não tem feito praticamente nada para zerar o desmatamento e os problemas ambientais.
Na COP-26 Txai destacou o assassinato do também ativista Ari-Uru-Eu-Wau-Wau, morto durante uma emboscada e que até hoje o crime não teve uma resposta. Além disso, chamou de mentirosas e falsas as promessas do governo brasileiro sobre as ações que visariam reprimir a devastação ambiental na Amazônia.
As declarações da ativista rondoniense, não foram digeridas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que na semana passada acusou o discurso de Txai de ser “manipulado” e de ter ido ao evento desmoralizar o “Brasil”. "Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o [cacique] Raoni, para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França, porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém viu o americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia. É só aqui", criticou Bolsonaro, em frente ao Palácio da Alvorada, na semana passada. (Fonte: BBC Brasil).
Esta semana, Txai Suruí rebateu a acusação de Bolsonaro durante entrevista à BBC Brasil. A ativista disse que passou a ser ameaçada depois da fala do titular do executivo brasileiro. A reportagem, Txai afirmou que não vai se intimidar e que pretende reagir "levando para mais longe" a realidade de luta dos povos indígenas. Para ela, as críticas do presidente e seus apoiadores fazem a defesa dos direitos indígenas "ecoar" mais alto.
A mãe de Txai, a também ativista Neide Bandeira saiu em defesa da filha, depois dos ataques racistas, misóginos, mensagens de ódio nas redes sociais, fake News, buscando desacreditar o discurso da jovem. “Se o presidente em vez de atacar tivessem ficado quieto, seus seguidores não teriam tido tanta ação racista”,declarou ao jornalismo do News Rondônia.
Txai declara que os ataques de Bolsonaro acabaram sendo favoráveis. "Eles estão me dando engajamento, estão fazendo minha voz ecoar cada vez mais", declarou.