O boliviano Jesus Einar Lima Lobo Dorado, o “Dom Pulo” foi condenado a 14 anos de prisão. A sentença foi proferida nesta quarta-feira (25), pela 1ª vara federal do estado do Acre que recebeu de forma parcial os pedidos do Ministério Público Federal (MPF).
Há quatro anos o MPF conseguiu por meio de ordem judicial a prisão preventiva de Dom Pulo, mas na época a justiça da Bolívia só cumpriu parte do pedido em 2019. Desde então, o criminoso cumpria prisão domiciliar em Santa Cruz de la Sierra. Em maio deste ano o governo boliviano decidiu autorizar a sua extradição para o Brasil onde somente aqui poderia ser julgado pelos crimes.
Investigações obtidas com exclusividade pelo site UOL apontam Dom Pulo como comandante do transporte aéreo de grandes remessas de drogas da Colômbia, Peru e Bolívia mandados para dentro do território brasileiro. Ele era acusado de inserir ao menos 500 quilos de cocaína no país em 2014 pela qual houve a sua condenação.
Para a Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico (Felcn), Jesús Einar Lima Lobo faz parte da terceira geração do clã Lima Lobo (avós, pais e netos), cuja base de atuação era a população Beni de San Joaquín. O clã já existia desde os anos 90 e controlavam tudo o que é a Amazônia e seu modo de transporte era por via aérea: usavam pistas clandestinas e autorizadas.
A linhagem, segundo a Polícia Federal (PF) é herdeira do Cartel de Medellín fundado pelo narcotraficante Pablo Escobar morto em dezembro de 1993 na Colômbia. Einar Lima Lobo estava em prisão preventiva numa penitenciária de segurança máxima de Campo Grande no Mato Grosso do Sul.
Einar foi acusado de doar aeronaves para o transporte de drogas com destino ao Brasil. Em troca, traficantes brasileiros teriam que investir o dinheiro em compras de fazendas, sempre em regiões de fronteira e ampliar a logística desses locais, construindo pistas onde pousariam os aviões pertencentes a Dom Pulo, sempre carregados com grandes remessas de cocaína vindas da Bolívia e do Peru.
De acordo com informações do jornal AC 24 horas, a juíza responsável pelo processo ressaltou que o inquérito policial, que deu suporte à ação penal, foi instaurado a partir de relatórios de informação do Grupo de Inteligência da Polícia Federal no Estado do Acre, quando foram apresentados fortes indícios do envolvimento de uma organização criminosa com o recebimento, armazenamento e transporte de generosas quantidades de cocaína provenientes de alguma região fronteiriça do Estado do Acre com a Bolívia ou Peru para outros Estados da Federação, na qual a cabeça da organização seria Valéria Silveira da Cruz, brasileira já conhecida da PF como traficante de drogas e que residia em Rio Branco, capital do Acre.
Ainda segundo o MPF do Acre, outros envolvidos no esquema já foram condenados. Inicialmente o traficante vai cumprir a pena em regime fechado sem direito apelar da decisão em liberdade. Ele ainda foi condenado a pagar 1400 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo mensal vigente no Brasil à época dos fatos, por cada dia multa.
Ao determinar a extradição de Jesus Einar, as autoridades da Bolívia chegaram a dizer que ele seria herdeiro de Pablo Escobar, em razão da forte participação de seu grupo no narcotráfico, sendo considerado, por eles, rival à altura do cartel colombiano liderado por Escobar.