Na manhã desta quinta-feira, 15, a reportagem do FOLHA DO SUL ON LINE encontrou, debaixo da marquise da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, no centro de Vilhena, um casal que protagoniza, segundo contam, uma história de sofrimento. Mais falante, o homem de 32 anos deu detalhes de suas andanças junto com a companheira, 08 anos mais velha.
Conforme os dois relataram, cerca de 08 meses atrás, eles saíram de Jaru, na região central de Rondônia, e foram trabalhar em Juína (MT) a 240 km de Vilhena. “Eu sou braçal e faço qualquer serviço de fazenda. Minha mulher é cozinheira”, contou o homem.
Depois que perderam o emprego, cerca de um mês atrás, os dois resolveram voltar para o distrito de Colina Verde, pertencente ao município de Governador Jorge Teixeira mas teriam que fazer todo o percurso de carona ou contando com a ajuda da assistência social dos municípios por onde passariam.
Ocorre que, na cidade de Poxoréu (MT), a mulher contraiu o novo Coronavírus, e precisou ser hospitalizada. “Eu sou diabética e sofri muito. Meu cabelo tá caindo, mas pelo menos não morri”, disse a mulher, mostrando a garrafa pet contendo água com quina, uma planta que, segundo acredita, vai livrá-la das sequelas da doença à qual sobreviveu.
A senhorinha franzina admite ter sido maltratada pela vida: “eu tenho só 40 anos, mas quem olha para mim acha que tenho uns 60”.
No local improvisado desde o início desta semana, o casal aguarda a ajuda da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) fornecer as passagens para seguir viagem até a localidade rural próxima a Jaru.
Questionado como suportaram o frio das últimas noites em Vilhena, dormindo sob cobertores finos e sobre um colchonete já bastante gasto, o homem resume o que é passar dificuldades a dois: “a gente se abraça e se aquece”.
Detalhe: os dois conversavam com a reportagem à distância, sem o uso de máscaras, quando o representante de uma cooperativa, um engenheiro agrônomo uniformizado passou e doou os itens de proteção para ambos.