“Me surpreendi quando disseram: ‘não está tendo no estoque, quando voltar a ter nós vamos avisar’. Mas, até o momento, não entraram em contato, nem pra informar o motivo da suspensão e nem pra dizer quando vão voltar a distribuir essa dieta enteral tão importante para o meu pai”.
O desabafo é do jornalista acreano, Fernando Oliveira, natural de Brasileira, município do Acre na fronteira com a Bolívia. Segundo o profissional, o pai dele tem passado por um drama pessoal. Seu Antônio Oliveira, de 70 anos, está internado no Hospital de Amor da Amazônia (HAA) para o tratamento de um câncer. A suplementação alimentar que ele recebe via oral teria sido cortada. Além de seu Antônio, outros pacientes também estariam sendo prejudicados.
“Hoje tenho que está comprando o suplemento alimentar na farmácia que é vendido a R$ 55,00. Custa caro. Isso é para complementar com essa dieta reduzida que ele já vinha fazendo”, explica.
O jornalista questionou a direção da unidade. Ele foi informado que o kit de alimentação especial era fornecido para um período de 30 dias, mas foi reduzido para 15 dias em março, e logo após retirada de vez. A falta da suplementação alimentar já começa a prejudicar a recuperação do paciente.
“De junho para cá, meu pai, a gente observou que ele perdeu 4kg. Essa perda de peso também tem a ver com o tratamento, mas também com a alimentação”, declara.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) que informou: “o tratamento do paciente é de total responsabilidade do Hospital de Amor da Amazônia, e que o governo de Rondônia ajuda em um valor mensal”.
O setor nutricional da Unidade do Hospital de Amor negou que esteja faltando qualquer alimento concedido aos pacientes internados, inclusive a suplementação. A responsável pelo setor explicou que, o suplemento que o pai do jornalista e outros pacientes não estaria recebendo, faz parte de um complemento alimentar que o governo estadual por meio da Coordenação Estadual de Nutrição Enteral, tem por obrigação oferecer aos doentes, após alta médica. A falta do suplemento já estaria ocorrendo, há três meses.
Em um memorando enviado a reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclarece aos gerentes regionais e chefes de núcleos de nutrição e Dietética, de que a “Cene está sofrendo com o “défice” de produtos e estoque mínimo em outros, por consequência não tem sido possível o atendimento total da demanda das Unidades Hospitalares da Rede de Saúde da Sesau/RO e Pacientes domiciliares atendidos pelo Programa de Terapia Nutricional Enteral Domiciliar, que inclui pacientes do Serviço de Atendimento Multidisciplinar Domiciliar – SAMD, do Núcleo de Apoio e Conciliação – NAC, do Núcleo de Mandados Judiciais e demandas administrativas.
Em outro trecho, a instituição declara que o registro de preços visando aquisição de dietas enterais, Processo SEI nº 0036.323962/2020-89, está dependendo da aprovação do Núcleo de Planejamento Orçamentário (NPO) dessa SESAU, quanto ao quadro 0018096190 e Certidão 563 (0018096211), referentes a pesquisa de preço juntada aos autos, bem como, da informação atualizada quanto a Dotação Orçamentária para a despesa pretendida e manifestação quanto ao prosseguimento do certame licitatório. O documento é assinado pela coordenadora do Cene, a nutricionista Alcione Altini Paes.