No último dia 5 de fevereiro, Eduardo Pazuello participava de uma cerimônia nas dependências da Fiocruz, na zona norte do Rio de Janeiro. O então ministro da Saúde aproveitou a ocasião para anunciar que, a partir do segundo semestre deste ano, conseguiria produzir vacina com Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) totalmente fabricado no Brasil.
"Com a chegada, a incorporação da tecnologia que está contratada, poderemos fabricar 20 milhões de doses por mês no segundo semestre aproximadamente, já com a produção do IFA no Brasil, aqui na Fiocruz", disse ele no evento.
Mas o contrato de transferência de tecnologia nunca foi assinado. O documento é a autorização para que a fundação ligada ao Ministério da Saúde possa produzir a vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca com a Universidade de Oxford. Com ele, a fundação poderá ter o passo a passo da farmacêutica para desenvolver em solo brasileiro os ingredientes para o imunizante.
O contrato é peça fundamental para que o Brasil tenha autonomia na produção da vacina e, consequentemente, consiga incorporar a imunização contra o novo coronavírus usando a fórmula da AstraZeneca no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Enquanto Pazuello respondia a senadores na CPI da Pandemia no Senado, o vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, Marco Krieger, respondia a deputados na Comissão de Enfrentamento à Covid-19 da Câmara Federal e reconheceu que o contrato ainda não foi assinado.
"Estamos aí no mês de maio ainda com trabalhos bastante adiantados já com data para recebimento dos bancos de células, assim como o início do treinamento, tudo isso aí após a assinatura do contrato que está nas suas fases finais também com previsão pra que a gente possa fazer isso em maio pra começar a produção dos lotes de pré-validação", disse ele.
Na apresentação, Krieger usa um calendário que aponta os itens já cumpridos, tarefas executadas, na cor azul e as previsões futuras em verde. É nesta cor que aparece a assinatura do CTT (Contrato de Transferência de Tecnologia), agora prevista para maio, segundo a Fiocruz.