Porto Velho, RONDÔNIA – Ao menos 2,5 décadas trabalhadores chacareiros e sitiantes agregados ao ex-Setor Militão e Estrada dos Periquitos apelam ao poder público para que reafirme à essa parte do Município em terras da União a condição de cinturão verde e pólo de turismo rural.
Situada na mesorregião Leste com parte urbana e rural da cidade, mas com grandes faixas onde os habitantes cultivam a maioria dos produtos que chegam à mesa do portovelhense, o setor chacareiro Jardim Santana e ao menos 1,8 décadas, a Estrada dos Periquitos, ao seu modo, para se tornarem pólos de atrações em todos os aspectos.
Especificamente, a União foi obrigada a retomar cerca de 840 hectares, à época divididos erroneamente por dois irmãos inadimplentes com o Fisco Federal que, em 1997, foram dados como reintegrados com mais de 600 famílias de pequenos agricultores que já ocupavam a terra, agora, com a condição de posseiros da União.
De lá pra cá, chacareiros e sitiantes obtiveram benefícios de acesso à terra vez que já plantavam hortaliças, tubérculos, frutíferas e com suas criações domésticas (galinhas caipira, patos, cabras, bodes, suínos e outros), além de sés destacarem no segmento da floricultura tropical, inclusive com vendas ao exterior.
Nesse período, a Prefeitura e o Estado deram celeridade aos programas agrícolas e de sustentabilidade em direção ao fortalecimento da agricultura familiar.
Nessa inicial, o Tribunal Regional Federal (TRF-1), do Distrito Federal, fez reintegrar o Lote 2 ao patrimônio da União. O Lote 1, com cerca de 400 hectares, foi ocupado, mansa e pacificamente, por agricultores que juntaram aos do Lote 2. Hoje, a região tem grande destaque no cenário do agronegócio familiar ao se tornar a maior fornecedora de alimentos ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do Governo do Estado, do Município e do Governo Federal no viés Prefeitura de Porto Velho, EMATER/SEAGRI/SESC MESA BRASIL com aval da CONAB (Companhia Brasileira de Abastecimento).
O cenário atual, com o avanço do agronegócio familiar avançando em todos os pontos do País pelo Governo Federal e espelhando-se no privado, a Associação de Ação Popular Integrada Hortifrutigranjeiros da União (AAPIHGU), ‘quer muito disputar esse mercado, não só o de alimentos, mas, o do turismo rural de resultado doméstico’, afirma a presidente Gabriela Camargo.
Segundo dirigentes da entidade, ‘que tal fugir um pouco da agitação da cidade e passarem um final dês emana de idas e vindas, por exemplo, conhecendo chácaras, sítios e propriedades que cultivam hortaliças, legumes, animais, flores tropicais, além dos açudes de peixe e do araras local’, eles propuseram.
Ao Jornalismo do NEWS RONDÔNIA, foi mostrado, recentemente, todo o complexo de cultivo de hortaliças em sistema de hidroponia – o carro-chefe da economia chacareira, bem como os setores de suínos, aves, frutíferas tropicais, pescado (Tambaqui, Tilápia etc), apicultura, floricultura e da futura instalação de agroindústria voltada à produção de polpas e de óleo de babaçu.
Sobre essas novas atividades econômicas, dirigentes da AAPIHGU revelam, contudo, que, ‘daqui já saem até 68% de produtos consumidos no mercado local’, sobretudo de hortaliças, frutíferas tropicais, legumes e de aves à mesa do consumidor portovelhense. Além de flores da Amazônia que são exportados para todo o mundo.
A força maior dos segmentos postos em prática, de acordo com as lideranças locais, gira em torno do avanço da panificação, doces, salgados da oferta de pizza à base de massa de macaxeira selecionada. Também disputam o público, interno e de fora, subprodutos da mandioca, macaxeira, cana de açúcar (rapadura e caldo de cana) e mel de abelha.
Esse nicho de novidade tem proporcionado ganhos extras, sobretudo, às mulheres e empreendedores recém-casados que decidiram dar seguimento ao sucesso dos pais como horticultores e de produtos orgânicos. Para isso acontecer, de verdade e ganhar ampla repercussão, ‘estamos tendo há tempo a criação, instalação e funcionamento de uma feira dos chacareiros’, assinala Gabriela.
– O projeto é oferecer preços menos caros ao consumidor da cidade que comprar nossos produtos, sem atravessadores, afirma Sirlei dos Santos Nobre, um dos maiores defensores da suinocultura, caprino-cultura e da oleicultura advinda do aproveitamento industrial do babaçu.
Ele diz, todavia, que, ‘nossas potencialidades já foram apresentadas através de reportagens deste site de notícias e de várias emissoras. Além de todas as audiências públicas, como os da Comissão de Negociação de Conflitos Agrários, do Plano Diretor, do Plano Estadual e Municipal de Agricultura Familiar e de Turismo.
– Porém, ainda não conseguimos acordar o gigante adormecido dentro do poder público, vez que só esse ente tem a vara de condão para acelerar investimentos em projetos agrícolas, dos quais já estamos avançados em mais de 50% com recursos próprios, admitiu Nobre dos Santos.