Para os médicos e servidores que atuam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sul, em Porto Velho, em Rondônia, atuar no local tem sido algo desesperador. “Aqui a gente entra com a expectativa de voltar para casa com a saúde restabelecida, porém ultimamente essa missão tem sido entregue para Deus. Só ele para nos proteger”, declara, uma enfermeira que não quer ser identificada.
E quanto mais tempo no local as chances de contaminação pelo novo coronavírus aumentam. Não tem como escapar. Pelos corredores, enfermarias pessoas se aglomeram enquanto aguardam o surgimento de leitos hospitalares. “Se alguém chegar sem a Covid-19 é de certeza que deixará a UPA contaminado (a)”, esclarece um servidor da UPA que prefere manter sigilo da identificação.
Vídeos divulgados pela internet retratam o dia a dia de uma unidade abarrotada de pessoas a espera dos cuidados médicos. Elas estão deitadas em macas, sentadas em cadeiras, e até mesmo no chão. A UPA da Zona Sul se tornou o cenário do caos, um dos únicos recursos hospitalares em uma região em que vivem mais de 90 mil pessoas. “É algo terrível. Sempre procurei a UPA em dias normais, e inclusive já vi situações tensas pelo fato da demora, mas dessa maneira jamais”, explica o ambulante Reginaldo Galvão.
Ainda de acordo com denúncia de servidores, pessoas contaminadas transitam livremente pela unidade, tossem espirram no local facilitando a disseminação do novo coronavírus (SarS-CoV-2). Da cozinha ao banheiro o risco algo certo, é generalizado. “A sensação de ir ao trabalho tem sido a mesma de percorrer o corredor da morte”.
Das 2.944 mortes no Estado pela Covid-19, Porto Velho acumula 1.309 até o fechamento desta edição. E a doença começa a atingir a classe médica. De acordo com informações, pelo menos 12 médicos já morreram no Estado em consequência da doença.