Quando o preço do gás de cozinha dispara, como está acontecendo atualmente, ninguém escapa. É preciso fazer um esforço grande para pensar em quem pode não ser afetado pelo alto custo da botija de gás de cozinha, que em muitos pontos do Estado já chegam a ser vendidos a R$ 100, ou bem perto disso. Pode ser que a pessoa afirme que come congelados preparados no microondas. Mas quem cozinhou primeiro o alimento, usou, com quase certeza, o gás de cozinha.
A gente tem que imaginar como está sendo a realidade de quem produz e vende tacacá, churros, pipoca, pessoas que usavam o gás para cozinhar para aquele restaurante self-service de perto do trabalho ou a lanchonete que faz os xis-saladas da vida: como estão lidando com a queda do lucro? Eles vão começar a repassar aos consumidores as crescentes despesas que têm com o gás de cozinha? Alguns podem fazer isso. Mas não é a maioria, porque o risco de perder a clientela é muito grande.
E há outro risco embutido nisso: a inflação. Não é o meu caso, mas muita gente que tem mais de 40 anos lembra da loucura da hiperinflação, das remarcações de preço constantes, do dinheiro perdendo valor da noite para o dia. Mas a verdade é que não precisamos ter passado por isso para temer que esse seja o nosso futuro.
Estamos falando de produtos que são fundamentais para mover as pessoas, produtos, o mercado todo, afinal. Todas as esferas do Poder Público têm obrigação de debruçar sobre esse problema e encontrar uma solução de diálogo, porque o envolvimento vai desde a família que precisa ir ao trabalho e levar as crianças à escola, até o Estado, que precisa transportar de avião enormes cargas de cilindros de oxigênio com o objetivo de salvar vidas. Entre uma coisa e outra, estamos todos nós, acumulando prejuízos em cima de prejuízos e vendo a nossa qualidade de vida em decadência. Desse jeito não dá para culpar ninguém por se sentir desestimulado, meio sem gás, com perdão do trocadilho…