Pare e pense: litro de gasolina a quase R$ 6, botija de gás de cozinha a R$ 100. Preço do arroz nas alturas, óleo de soja, idem. Desemprego, violência urbana, chuvas erodindo ruas e estradas mal feitas e abrindo buracos. Obras paradas por causa do mau tempo, professores se virando nos 30 para tentar aplicar aulas eficazes em uma situação repleta de adversidades.
Não é impressão, não. Apesar da pandemia, a vida continua, e os problemas estão apenas se empilhando, enquanto muitos de nossos políticos, de olho nas redes sociais, jogaram 2020 inteiro “pra galera”. Sem desconsiderar os esforços para tentar evitar a propagação do vírus, foi um ano de muito “samba de uma nota só”, muita gente chovendo no molhado e tentando puxar para si os holofotes e querendo ganhar o prêmio de grande salvador de vidas. Isso se chama demagogia, e ainda estamos sendo vítima desse comportamento dispensável na nossa classe política.
Os nossos problemas continuam aparecendo e as soluções são necessárias, por mais que não dê manchete no jornal ou “joinhas” nas redes sociais. Ainda precisamos tapar aqueles buracos na rua, precisamos de saneamento básico e de ressocialização de apenados para tentar conter o crescimento das facções do crime organizado. Praticamente todos os dias nem damos atenção para dezenas de notícias trágicas que já foram banalizadas pelo cotidiano, ou perdem em critério de importância em comparação com o vírus que se espalhou pelo planeta. Mas a tortura e assassinato de uma menina de 15 anos por ter rasgado uma camiseta não deveria ser uma nota no pé da página.
Precisamos de vacina, de oxigênio, de máscaras faciais e álcool gel, mas também precisamos de todas as coisas das quais carecíamos absurdamente antes do início de 2020. E nossos representantes em todas as esferas do Poder Público, se não sabem disso, precisam saber. E se sabem, precisam agir de acordo.
Não precisamos de todo mundo fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo. Até na nossa própria casa aprendemos, desde cedo, sobre divisão de funções. As pessoas se ajudam, uma lavando as louças, outra varrendo a sala e uma terceira, pendurando as roupas no varal.
Essa, sem demagogias, é a união que faz a força.