Porto Velho, RONDÔNIA – O pós-Carnaval não deixou o porto-velhense deixar de alimentar sonhos e emoções, mesmo depois da passagem magistral da “Banda do Vai Quem Quer” (BVQQ) e seus cordões e seus biqueiros alegres e ousados em mais uma “Festa de Momo” sem a participação ativa do poder público e político.
A Banda – como de costume – quebra tabus e puxa o povo às ruas que se mistura com todo mundo e refaz vidas tristes em alegres no período diante do novo que ainda há de vir pela frente, exalta a acadêmica Francisca Souza da Silva, 56, que diz também “desnudar o profano e o transforma em peça boa para todos, sem distinção, cor e credo”.
Para grosso modo, o Pós-Carnaval, igualmente, deixa na cidade uma visão sarcástica do quão está abandonada pelo poder público é político. Do alto dos prédios, das marquises e sobrados – enquanto a Banda passa e derrama alegria e esperança – telhados velhos sobre as edificações, ruas com calçadas descalças, becos e ruelas provinciais, moradores de rua e dependentes químicos espalhados entre moquifos e curritelas, se vê, no contraponto, as belezas ainda não exploradas da cidade.
Estamos falando da considerada terceira ‘Metrópole’ da Amazônia, se Porto Velho for vista desde o período Áureo da Borracha com o advento do Tratado de Petrópolis. À época, D. Pedro II teria se maravilhado ao lado do Barão do Rio Branco com a pujança da economia puxada de suas riquezas naturais, afirmam parte de escritores pesquisados.
E falemos, agora, da mais famosa cidade do Estado, segundo suas potencialidades turísticas seriam inesgotáveis; mesmo se escolhidos seus exploradores vindo de fora. O charme irretocável do Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) – se revitalizada em suas linhas originais -, o Monumento Marco Zero, os mercados em tom provinciais (Mercado do Peixe, Central e do Km-1), o casario da Vila Ferroviária e as edificações contidas na Figura A, tudo isso, “bem descrito, dentro daqui e lá fora, alavancariam essas atrações”.
O Pós-Carnaval, depois da “Banda do Vai Quem Quer” passar nos remete a uma profunda reflexão, mesmo que recheada de saudosismo, admite Francisca, filha de ferroviário e seringueira. Ainda há tempo, antes da próxima “muvuca” carnavalesca chegar para, entre um e outro inquilino do Palácio Tancredo Neves (Prefeitura), torça por sepultar de vez nossas emoções e esperanças de continuarmos um povo, mesmo na pobreza e na exclusão, alegre e arretado por festar nossas raízes”.
E ao primeiro sinal do fim do “desfile” da BVQQ deste ano, pode-se, ao final, do alto dos prédios centrais seve que o Centro Antigo de Porto Velho não estar sendo cuidado ao longo de míseros 2,5anos. Retrato é o mesmo – ou pior – do início da atual gestão. Prédios históricos dominados pelas “cracolândias”, camelôs nas calçadas descalças, estacionamentos duplos, moradores de rua não contados e a mendicância assustado em portas de lojas, bancos e prédios públicos.
Alimentar sonhos e os transformar em realidade, essa seria a dica primeira para fazer existir uma imaginação positiva na parte que caberia ao poder público e político, não só depois da BANDA passar. “A fábrica de sonhos e do estranhamento é com os turistas e visitantes”, diz o consultor Roberto Lemes e Soares.
– O turista merece casa, comida e roupa lavada porque gera emprego e renda às cidades atraentes ou nativas, ele apontou.
Porto Velho não precisa de eleição para que tenha seu charme provincial e imperial divulgado. “O critério é o gestor fazer e fazer acontecer”, assinala Lemes e Soares. Segundo ele, “bastar você passear pela ponte sobre o Rio Madeira, ir ao Cai N’Água, ao Complexo, às vilas da Candelária e Vila Ferroviária ou ao porto do veio onde a cidade começou a ser erguida.
– Porto Velho, ao natural, não é só muito bonita, como também será muito mais apaixonante sob a ótica de suas belezas, sua gente, sua cultura seringueira e ferroviária, suas luzes e sua arte de embalar sonhos e imaginações, completou Francisca Souza da Silva.
Bem… depois que a Banda do Vai Quem Quer (BVQQ) pediu passagem e empoderou seus foliões no carnaval de rua deste ano, daqui pra frente, numa lista de espetáculos mais bonitos da Amazônica não haverá alegria espontânea e vibrações vindas do povo sem a figura do eterno Menestrel, O Manelão, ela arrematou.
Enfim, é difícil negar que os porto-velhenses são alegres, vibrantes, fraternos e solidários, também fora do circulo da BVQQ. Também não se pode negar que se tem uma parte maior da cidade suja e feia, a começar pela porta do Palácio Tancredo Neves cujos ladrilhos copiam o calçadão da imaginária Praia de Copacabana.
– Ainda assim, a cidade de Porto Velho poderá sempre provar a sua beleza ao mundo, diz o consultor Roberto Lemes e Soares.