Porto Velho, RONDÔNIA – Ao menos uma década, a Capital e o Estado rondoniense não oferece comida, abrigo ou moradia aceitáveis às pessoas em situação de vulnerabilidade social e pessoal que para cá chegam e se espalham pela cidade e no interior.
Ana Maria Negreiros – SEMASF
Segundo pesquisa feita pela Reportagem colhida entre antigos servidores há dois dias antes da posse da Adjunta da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Família (SEMASF), Ana Maria Negreiros, “o município ainda não sabe onde estão os pobres ou extremamente da cidade nem dos distritos”.
Em rápida visita ao centro desta Capital estimou-se que, pelo menos, entre 100 a 200 moradores de rua, misturados em meio a imigrantes do eixo do Cone Sul das Américas perambulem na área central e pelos bairros de Porto Velho e subúrbio das zonas Leste, Norte e Sul desta cidade.
Desse número, ao menos 63% são visíveis e estão homiziados em logradouros, terminais de ônibus, sob marquises de bancos e escombros de prédios públicos em situação de abandono.
Mas é no entorno dos terminais de ônibus da Rodoviária Municipal, Praça Jorge Teixeira, terras baldias e mais visivelmente, “aos olhos das autoridades na mais nova Cracolândia, o ex-terminal de integração fora de operação desde o início da atual administração”, afirma a acadêmica do Serviço Social, Francisca Souza da Silva, 56.
Um dos grandes focos de pessoas em situação de risco social, com características e perfis ainda não levantados plenamente pelas autoridades governamentais (Município, Estado e Governo Federal), segundo ela, são o terminal hidroviário no Cai N’Água, largo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), Mercado Central e as frentes de agências bancárias.
– Nesses locais é grande o número de mulheres com crianças no colo, jovens e adultos implorando por esmola em dinheiro, disse Francisca Souza.
Enquanto isso, a cidade continua sendo invadida por imigrantes latinos (chilenos, argentinos, uruguaios, bolivianos, peruanos, etc), além de registrar um grande avanço no número de migrantes sulistas e sudesinos à procura de terras e emprego. Porém, sem qualificação às oportunidades de trabalho que o SINE Municipal e Estadual oferecem a desempregados.
Na pesquisa deste site de notícias sobre “quem é quem vivendo e morando nas ruas da Capital rondoniense”, anotou-se que, menos da metade dos 63% das pessoas que perambulam nos locais listados seriam de nativos. A parte maior desse número, fica por conta de latinos (artistas de rua e de andarilhos) sulistas que trabalhavam na roça e em fazendas em seus estados de origem.
foto: rondoniavip
A ocupação do centro comercial por pessoas em situação de vulnerabilidade social e pessoal na Capital rondoniense, por outro lado, continua sendo motivo de um suposto desdém proposital por parte do poder público e político. Segundo o consultor João Roberto Lemes, 47, “os governos locais não sabem que essas pessoas não possuem moradia, muitas delas nem documentos”.
Ele aponta que os municípios e o Estado rondonienses, a partir da realização de um estudo social profundo sobre essas pessoas consideradas ainda invisíveis pelas autoridades devem ser contadas com a ajuda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Trata-se de um censo para contar o número real da população em situação de risco vivendo e morando nas ruas e a partir daí se criar políticas alternativas de abrigo, emprego e qualificação profissional, completa João Roberto.
Atualmente, sabe-se, no entanto, que, ao menos uma década a Capital rondoniense não apresenta uma saída plausível aos problemas sociais e econômicos. Estima-se, contudo, que esse número de até 200 (hoje), que não tem moradia, não recebem comida ou novas oportunidades, “a tendência é quintuplicar em términos de mandatos políticos”, arremata a acadêmica Francisca de Souza.
No mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em divulgação de relatório da Comissão Para Direitos Humanos, estima-se que exista mais de 100 milhões de pessoas que não possuem moradia e por isso, vivem e moram nas ruas dos grandes centros metropolitanos em todo o Planeta – como São Paulo, cidade de mais de 40 milhões de habitantes.