CANUTAMA E LÁBREA (AM) – Desde que migraram do Vale do Guaporé e do Cone Sul de Rondônia para os distritos de Porto Velho, em 2010, para fugir de prisões, multas e processos, madeireiros e fazendeiros infratores acusados de grilagem de terras públicas tentam dominar essa parte do Estado do Amazonas.
Apesar das ações realizadas pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), aliadas à Polícia Federal e à Força de Segurança Nacional, os “reis e damas do agronegócio bovino e da madeira costumam agir impunemente e saírem ilesos das operações”, afirmam fontes ambientais a este site.
Sobre o assunto, terras griladas e com oferta de madeiras de lei em abundância para extração ilegal – esse é o principal atrativo para infratores -, nos municípios de Canutama e Lábrea, região Sul do Amazonas, “tem sido motivo para reuniões do agronegócio desse setor nos distritos de Jacy-Paraná, Vista Alegre, Extrema e Nova Califórnia”.
A motivação para o sucesso desses encontros no lado rondoniense, segundo fontes ouvidas nesta reportagem, “é por conta e risco do insucesso esperado pelos infratores das operações da Polícia Federal, Fiscalização do Ibama e da Força de Segurança Nacional”. Os acusados, rotineiramente, saem ilesos devido à dimensão continental que tem as áreas de extração onde as forças de seguranças devem reprimi-la. E de difícil acesso.
– Geralmente, a grilagem e os campos de extração são escolhidos a dedos e de difícil acesso, apontaram nativos que habitam parte das reservas Mapingüari e dos Campos amazônicos no lado amazonense.
A reportagem do NEWSRONDÔNIA, que percorreu a parte maior das regiões de litígios com extrações ilegais permanentes de extração de madeira e engorda de gado “pirata” (pastos em meio a florestas em pé), constatou um aumento vertiginoso de desmatamento de florestas em pé nas fundiárias de Canutama e Lábrea nas divisas com distritos de Porto Velho.
– Nem mesmo com prisões de grileiros, madeireiros e fazendeiros ocupando áreas de proteção ambiental, além de submetidos a multas e processos rigorosos por parte da Justiça Federal, “os criminosos parecem não se deixar intimidar”, é o que disse a este site uma ex-gerente aposentada de uma unidade do INCRA, em Manaus, há três semanas.
Segundo ela, “se não for a Polícia Federal ou a Força Nacional de Segurança juntas às operações, a fiscalização do Ibama e do ICM-Bio, será em vão e ainda correm o risco deterem veículos incendiados /ou feitos reféns”, como já ocorreu nas cidades de Humaitá e Manacapuru em que “veículos e prédios foram incendiados”.
Sobre, há informações de que donos de serrarias nos distritos de Jacy-Paraná, Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia seriam informados, preferencialmente, das operações das forças de segurança. Com isso, ganhariam tempo para que as terras griladas continuem nas mãos do agronegócio bovino e madeireiro pelo lado amazonense das cidades de Canutama e Lábrea.
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, madeireiros, grileiros e fazendeiros que agiriam ilegalmente na região de fronteira de Porto Velho com os municípios de Canutama e Lábrea (AM), contariam com apoio incondicional da Sociedade Ruralista Brasileira localizada na cidade de São Paulo para onde a madeira e a carne bovina seriam comercializadas, segundo às quais, se reuniriam para traçar as táticas de resistência à atuação das forças de segurança naquelas regiões.
Um dos campos de atuação do agronegócio madeireiro porto-velhense mais ativo desde os anos 2010, segundo dados de órgãos de controle de defesa ambiental amazonense, são as florestas ainda em pé das fundiárias do sul de Lábrea que alimentariam mais de 99% das serrarias (lâminas) de Nova Califórnia, Estrema e Vista Alegre do Abunã. Desses, a madeira é comercializada para São Paulo, Estados Unidos, Japão e Europa.