Porto Velho, RONDÔNIA – Com situação semelhante à vivida nas favelas do Sul e do Sudeste do país, os beneficiários dos condomínios do Programa de Habitação Minha Casa Minha Vida nesta Capital, já amargam o dissabor de conviverem com a presença do narcotráfico no comando de jovens e adultos em situação de risco social e pessoal.
– A presença de traficantes e aliciadores no interior dos imóveis, mas esse tipo de atração, em alguns casos, é feito por viciados e apenados do sistema carcerário em liberdade, afirmam moradores.
Para a acadêmica Francisca Souza, 56, “se um exército de bandidos invade a periferia desguarnecida e o Estado não atende as demandas da segurança dos cidadãos, o crime organizado se apossa de tudo”.
– Nem por isso, deve-se culpar totalmente a Polícia por falta de policiamento ostensivo ou repressivo, já que sabe há décadas que o Estado nunca respondeu à altura, afirmou.
Historicamente, a criação do Programa de Habitação Minha Casa Minha Vida (MCMV), uma iniciativa do Governo Federal, trata-se de um empreendimento cuja finalidade específica “de pessoas pobres e extremamente pobres a fim de garantir sua inserção e não a segregação de espacial fora dos antigos bolsões de miséria”, a acadêmica salientou.
Para conter a violência e obstruir o avanço dos exércitos (?) financiados pelo narcotráfico dentro dos condomínios do MCMV, na Capital e interior do Estado – e no restante do país -, os advogados José Ricardo Costa (Goiânia), Reinaldo Martins (Rondônia) e Conceição Nery (Amazonas) acreditam que, "o Estado precisa está presente no âmbito social 24 horas”; não apenas no repressivo.
Segundo eles, “o que devemos fazer nesses casos de invasão dos condomínios, onde o mais fraco é obrigado a aceitar ofertas de feirões ilegais para abandonar os imóveis”, indaga o consultor João Roberto. João aponta que invasores devem ser expulsos por um oficial de Justiça com uma ordem de reintegração de posse sob a orientação da Caixa Econômica em nome do governo federal.
Além das invasões dos empreendimentos perpetradas pelo narcotráfico, os beneficiários da “Minha Casa Minha Vida”, sobretudo nos imóveis do Crystal da Calama, Porto Madero (I, II e III) e Porto Belo, esses fincados na Zona Leste, sofrem a influência de marginais adolescentes vindos de outros pontos da cidade.
A maioria vive de assaltos à mão armada, arrombamentos de imóveis (lojas, óticas, consultórios dentários, clínicas médicas, sítios e chácaras), furta animais domésticos (cachorros, aves, cavalos, éguas, jegues e cabras). Ao final dessas incursões, o destino final é concretizar a venda dos objetos e animais furtados aos receptadores – nem sempre combatidos pelas autoridades.
Numa rápida avaliação sobre esses tipos delitos e até crimes circunstanciais cometidos por adolescentes, a acadêmica Francisca de Souza, arrisca a afirmar que, “os atores envolvidos nesse rosário de crimes, dentro e entorno dos condomínios populares, a autoria pode ser atribuída aos próprios moradores”.
Em linhas gerais, a presença do Estado dentro dos condomínios do Minha Casa Minha Casa é reclamada faz tempo, admite, o Consultor João Roberto. Segundo ele, “nessa Capital e interior do Estado, já é possível usar os mesmos métodos legais de caráter padrão usados às favelas sulistas e sudesinas”.
“Aqui, exércitos de bandidos, dentro ou fora dos condomínios do MCMV, já usam armamentos pesados e portam-se em via pública (em conhecidas distribuidoras da região Leste, Norte e Sul), como verdadeiros soldados do crime organizado, enfatizou João, para finalizar que não há outra alternativa senão combatê-los como se numa guerra estivéssemos”.