A Justiça do Japão rejeitou nesta quinta-feira (20) a ampliação da prisão provisória de Carlos Ghosn, de 64 anos, ex-CEO da Nissan. Segundo relatos da imprensa japonesa, o executivo pode ser libertado mediante o pagamento de fiança. Os valores não foram divulgados.
Quem é Carlos Ghosn? Conheça a trajetória
Ghosn e seu auxiliar direto, Greg Kelly, foram presos em 19 de novembro. Os dois foram acusados de sonegação fiscal. A detenção havia sido prorrogada até esta quinta-feira. Ghosn está atualmente em um centro de detenção em Tóquio.
De acordo com o canal público NHK, o executivo pode ser liberado na sexta-feira (21) após o pagamento de fiança para aguardar o julgamento em liberdade.
A Procuradoria de Tóquio pretende recorrer. "Vamos atuar de maneira apropriada", afirmou o promotor adjunto Shin Kukimoto.
Impacto na investigação
A decisão do tribunal não significa que Ghosn deixará de sofrer uma eventual segunda denúncia, explicou o advogado Yasuyuki Takai, ex-membro da unidade especial da Promotoria de Tóquio, a instituição que investiga o caso.
"Sem dúvida, (o tribunal) considera que agora já é possível decidir se ele deve ser indiciado ou não na segunda acusação, sem necessidade de prorrogar a detenção", disse o advogado à AFP.
"Além disso, é possível que seja detido por uma terceira acusação, ainda não sabemos", completou. Além das acusações de não ter declarado sua renda, a Nissan afirma que seu ex-presidente utilizou ilicitamente residências de luxo pagas pela empresa ao redor do mundo.
Denúncias contra o executivo
A detenção de Ghosn foi o resultado de uma investigação interna da empresa. Quando as denúncias foram divulgadas, Ghosn era presidente do conselho da Nissan e presidia a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Em 10 de dezembro, ele foi acusado de ter omitido quase 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões) em suas declarações de renda às autoridades. Os valores teriam sido ocultados em prestações de contas feitas no período entre 2010 e 2015. Greg Kelly, seu auxiliar direto, também foi acusado.
Posteriormente, a detenção dos dois executivos foi prorrogada por suspeita de dissimulação de renda em outros três anos, que alcançam mais 4 bilhões de ienes (US$ 35 milhões) sonegados.
Liderança das empresas
Depois do escândalo, o executivo foi destituído da presidência da Mitsubishi Motors, mas a Renault decidiu mantê-lo em seu cargo, uma situação que gerou uma crise na aliança entre as montadoras. Na segunda-feira (17), a Nissan não conseguiu designar um substituto para o executivo. Ghosn foi presidente da Nissan entre 2001 e 2017.
A aliança Renault-Nissan nasceu em 1999. Em 2016, com a entrada da Mitsubishi Motors, se tornou o maior grupo mundial do setor automobilístico.