A China anunciou que passará a impor, a partir de 1º de janeiro de 2026, uma tarifa adicional de 55% sobre as importações de carne bovina que ultrapassarem os limites de cota estabelecidos para os principais países fornecedores, entre eles Brasil, Austrália e Estados Unidos. A medida terá validade inicial de três anos e faz parte de ações de salvaguarda para proteger a pecuária doméstica chinesa.
Segundo o Ministério do Comércio da China, a cota total anual de importação para 2026 será de 2,7 milhões de toneladas, volume próximo ao recorde de 2,87 milhões de toneladas importadas em 2024. O limite, no entanto, é inferior às compras realizadas por alguns países nos primeiros 11 meses de 2025, especialmente Brasil e Austrália, principais exportadores ao mercado chinês.
Em comunicado oficial, o governo chinês afirmou que “o aumento na quantidade de carne bovina importada prejudicou seriamente a indústria doméstica”, justificando a adoção das novas tarifas. Ainda de acordo com o ministério, a cota total deverá ser ampliada gradualmente a cada ano durante o período de vigência da medida.
Dados da alfândega chinesa indicam que, entre janeiro e novembro deste ano, as importações de carne bovina somaram 2,59 milhões de toneladas, queda de 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apenas o Brasil respondeu por cerca de 1,33 milhão de toneladas no período, volume superior aos limites previstos nas novas regras.
Para analistas, as restrições devem impactar diretamente o comércio internacional. Hongzhi Xu, analista sênior da Beijing Orient Agribusiness Consultants, avalia que as importações chinesas de carne bovina devem cair em 2026. Segundo ele, a pecuária chinesa enfrenta dificuldades estruturais para competir com países como Brasil e Argentina, o que não deve ser revertido no curto prazo.
Em 2024, a China importou 1,34 milhão de toneladas de carne bovina do Brasil, seguida por Argentina, Uruguai, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos. Já em 2025, os embarques australianos cresceram, enquanto os volumes norte-americanos recuaram após tensões comerciais e o vencimento de licenças de frigoríficos dos EUA.
A decisão chinesa ocorre em meio à alta dos preços globais da carne bovina, impulsionada pela escassez do produto em vários mercados. Em resposta, representantes do setor exportador afirmaram que buscarão novos destinos comerciais. “Há muitos outros países que aceitarão nosso produto”, declarou Mark Thomas, presidente da Western Beef Association, da Austrália.
O governo chinês reforçou que a medida não tem como alvo um país específico e que as tarifas devem ajudar a conter a redução do rebanho reprodutor, além de permitir ajustes no setor interno. Autoridades também destacaram que a pecuária bovina do país voltou a registrar lucro nos últimos meses, após um período de excesso de oferta.











































