O Conselho Nacional Eleitoral de Honduras (CNE) retomou nesta segunda-feira, dia 8 de dezembro de 2025, a contagem manual de votos da eleição presidencial. O processo havia sido suspenso por três dias em meio à forte ingerência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A ingerência ocorreu porque Trump apoia abertamente o candidato que lidera a disputa eleitoral por uma margem estreita de cerca de 19 mil votos.
A presidente do CNE, Ana Paula Hall, informou que os dados estão sendo atualizados após a realização de auditorias e ações técnicas necessárias. A retomada ocorre depois que Trump sugeriu, sem apresentar provas, que o órgão eleitoral estaria tentando fraudar os resultados, chegando a ameaçar consequências terríveis em uma rede social.
Partido governista pede anulação por ingerência
O partido governista Libre, da atual presidente Xiomara Castro, de esquerda, pediu a anulação total do pleito, realizado em 30 de novembro, devido à ingerência de Trump. O comunicado do partido condenou a coação e a interferência do presidente dos EUA nas eleições de Honduras.
O partido também condenou o indulto concedido por Trump ao ex-presidente de Honduras Juan Orlando Hernández, condenado em 2024 a 45 anos de prisão em Nova York por narcotráfico. Hernández, que é do Partido Nacional, mesma legenda do candidato apoiado por Trump, foi acusado de facilitar a importação de toneladas de cocaína para os Estados Unidos.
O Partido Nacional já elegeu 13 presidentes no país centro-americano e é o partido do candidato apoiado por Trump, Nasry Tito Asfura, ex-prefeito de Tegucigalpa, capital do país, de 67 anos.
Disputa apertada e contexto geopolítico
Com aproximadamente 88% das urnas apuradas no sistema manual, o CNE aponta 40,2% dos votos para Nasry Tito Asfura. O segundo colocado, Salvador Nasralla, do Partido Liberal e considerado de centro-direita, tem 39,51%. A candidata governista Rixi Moncada, de esquerda, está em terceiro com 19,28%.
Em Honduras não há segundo turno. O candidato com mais votos na primeira e única rodada de votação é o vencedor.
O professor de relações internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB), Gustavo Menon, avaliou que a ingerência de Trump reflete o reposicionamento dos EUA na América Latina. O objetivo seria limitar a influência chinesa na região. Segundo Menon, os EUA veem a América Central como área de sua histórica influência e buscam candidatos alinhados à sua política externa e a valores conservadores.












































