Os eleitores do Equador rejeitaram, em referendo realizado neste domingo (16), as quatro perguntas propostas pelo presidente de direita Daniel Noboa.
Com mais de 91% das urnas apuradas, a proposta mais sensível, que buscava autorizar a instalação de bases militares estrangeiras no país, foi negada por 60,65% dos votantes. O presidente Noboa, que defendia a presença militar dos Estados Unidos (EUA) para auxiliar no combate ao narcotráfico, afirmou que respeitará a vontade popular.
A atual Constituição equatoriana, promulgada em 2008, proíbe bases militares estrangeiras, o que levou à saída dos militares dos EUA da cidade litorânea de Manta em 2009. A oposição de esquerda, liderada por Luisa González, celebrou o resultado, argumentando que a medida rejeitada violava a soberania nacional e abriria espaço para maior interferência de Washington na política interna.
Outras Perguntas Rejeitadas
Além da questão militar, o referendo de Noboa também foi derrubado nas demais propostas:
Assembleia Constituinte: Rejeitada por 61,65% dos votos. O presidente alegava que a reescrita da Carta Magna era necessária para combater a criminalidade, enquanto a oposição o acusava de usar a crise de segurança como pretexto para eliminar direitos sociais.
Fim do Financiamento Público de Partidos Políticos: Negado pela maioria dos eleitores.
Redução de Parlamentares: A proposta de reduzir o número de assentos na Assembleia Legislativa de 151 para 73 também foi rejeitada.
Crise de Segurança e Contexto Político
O referendo ocorreu em um contexto de profunda crise de segurança pública no Equador, que se tornou um dos países mais violentos da América Latina. Entre 2019 e 2024, a taxa de homicídios no país aumentou 588%, impulsionada por rotas do tráfico de drogas e guerras entre facções do crime organizado.
Menos de três meses após assumir o governo, Noboa declarou o país em conflito armado interno, classificando grupos criminosos como terroristas e ampliando os poderes das Forças Armadas na segurança pública, uma estratégia comparada à do presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
Apesar de ter sido reeleito em fevereiro deste ano (em um mandato temporário de 18 meses, com a oposição alegando fraude eleitoral), Noboa enfrentou a rejeição popular de suas propostas centrais, o que indica uma resistência significativa à sua agenda de reformas.








































