Pesquisadores identificaram, com alta probabilidade, o nazista que aparece em uma das fotos mais conhecidas do Holocausto, publicada inicialmente em 1961 durante o julgamento de Adolf Eichmann em Israel. A fotografia, intitulada “O último judeu em Vinnytsia”, mostra um homem com cabelos volumosos e expressão resignada segundos antes de ser executado.
O responsável pelo crime é muito provavelmente Jakobus Onnen, membro da SS (Schutzstaffel), braço armado do partido nazista. Segundo o historiador alemão Jürgen Matthäus, a foto era provavelmente um “troféu nazista”.
História da fotografia
A imagem, divulgada inicialmente pela agência United Press International, foi atribuída incorretamente a Vinnytsia, na Ucrânia. Pesquisas recentes apontaram que o registro foi feito em Berdychiv, cerca de 150 km a sudoeste de Kiev, em 28 de julho de 1941, com base em diários de guerra do soldado austríaco Walter Materna, da Wehrmacht.
O estudo publicado por Matthäus permitiu corrigir a localização e fornecer detalhes sobre o contexto da execução, que fez parte do massacre de centenas de judeus pela SS na região.
Inteligência artificial e colaboração histórica
A identificação de Onnen contou com a colaboração interdisciplinar, dicas de leitores e o uso de inteligência artificial em reconhecimento facial. Fotografias antigas foram comparadas com a imagem histórica, confirmando com alta probabilidade que ele é o autor do crime.
Jakobus Onnen nasceu em 1906, na Frísia Oriental, Alemanha. Era professor e filiado à SA em 1931, ingressando na SS em 1932. Em junho de 1941, passou a integrar o Comando C, responsável por execuções em larga escala na Europa Oriental. Onnen morreu em agosto de 1943, sem nunca ter sido investigado, e suas cartas de guerra foram destruídas por familiares.
Vítimas permanecem anônimas
Embora o autor da execução tenha sido identificado, a vítima retratada permanece desconhecida, refletindo a prática dos nazistas de não registrar nomes de judeus executados na Europa Oriental.
Para Matthäus, a colaboração entre historiadores, sociedade civil e IA pode permitir, no futuro, a identificação de outras vítimas a partir de cartas, diários e fotografias.
“Se isso foi possível para essa foto, então também é possível para outros documentos. Depende do entusiasmo da sociedade em explorar essas novas possibilidades”, afirma o historiador.