No domingo, 26 de outubro, os bolivianos voltaram às urnas para eleger um novo presidente do Estado Plurinacional da Bolívia. A disputa apresentou dois candidatos que se distanciavam do perfil tradicional do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que elegeu Evo Morales em 2006 e, posteriormente, Luis Arce que por falta de apoio e um governo enfraquecido acabou desistindo da reeleição.
No entanto, após duas décadas no poder, o MAS enfrentava uma grave crise econômica, marcada pela escassez de combustível, alto desemprego e fuga de dólares. Para agravar a situação, o partido sofria com uma divisão interna, alimentada pelo ex-presidente Evo Morales, o que, em última análise, contribuiu para a derrota do partido nas eleições.

Após a apuração dos votos, Rodrigo Paz, do Partido Democrático Cristão (PDC), sagrou-se vencedor com 54,53% dos votos válidos, superando Jorge “Tuto” Quiroga, que obteve 45,47%. Uma semana antes da eleição, as pesquisas indicavam a vitória de Quiroga, resultado que não se confirmou nas urnas.
Diferentemente do Brasil, onde o então candidato derrotado Jair Bolsonaro incentivou movimentos golpistas, conforme comprovado pelas investigações da Polícia Federal (PF) e que resultou na sua condenação, na Bolívia, tanto os candidatos quanto Evo Morales e Luis Arce expressaram, ao votarem, o desejo de que o processo eleitoral fosse respeitado por todos.
O desafio de Rodrigo Paz será conciliar o diálogo com as comunidades religiosas e a urgência das tarefas que o aguardam. Espera-se que Paz já esteja identificando os principais problemas da Bolívia, como a escassez de combustível, que provoca longas filas, o desemprego, o aumento do preço dos alimentos e a fuga de dólares. Estes são apenas alguns dos sinais de alerta que seu governo precisará combater para obter o apoio popular e garantir a governabilidade. Assim como Tuto Quiroga, Paz subiu aos palanques culpando os presidente do MAS, como responsáveis pela atual crise que enfrenta a Bolívia.
Em um discurso proferido na noite de domingo, o presidente eleito da Bolívia agradeceu aos seus eleitores e a mensagem de seus concorrentes, Jorge Tuto Quiroga e Juan Pablo. Segundo o Rodrigo, a mensagem não era direcionada apenas a ele, Rodrigo, mas sim a toda a Bolívia, que se beneficia do processo democrático. Ele também estendeu a mão a governadores e a todos que defendem a pátria, homens e mulheres.
Quem é presidente eleito da Bolívia?
Rodrigo Paz Pereira, empresário e economista de 54 anos, ocupa atualmente o cargo de Senador pelo departamento de Tarija, eleito pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Ao contrário do que se possa imaginar, Rodrigo não nasceu em solo boliviano, mas em Santiago de Compostela, na Espanha. O nascimento em terras estrangeiras foi consequência da perseguição política que seus pais enfrentavam durante a ditadura boliviana. Seu pai, Jaime Paz Zamora, mais tarde viria a ser Presidente da Bolívia. Ainda criança, Rodrigo experimentou os horrores da ditadura com o desaparecimento de familiares, vítimas da repressão do regime militar na Bolívia.