Israel e a Palestina celebraram nesta quinta-feira (9) o anúncio de um cessar-fogo e de um acordo envolvendo a libertação de reféns, marcando a primeira fase da iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o conflito em Gaza. O acordo foi publicamente endossado pelas duas partes em conflito e a expectativa é que o documento fosse assinado em Sharm el-Sheikh, no Egito, onde as negociações ocorrem desde segunda-feira (6). No entanto, ainda não há confirmação oficial da assinatura.
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou que o cessar-fogo só entraria em vigor após a ratificação do governo israelense, em uma reunião subsequente à do gabinete de segurança. O coordenador de reféns de Israel, Gal Hirsch, afirmou que a lista dos prisioneiros palestinos que seriam libertados estava em elaboração.
Moradores de Gaza relataram uma série de ataques aéreos na Cidade de Gaza no momento em que o acordo deveria ser assinado.
Pontos do acordo e o cronograma de libertação
De acordo com a fonte com detalhes do acordo, os bombardeios seriam interrompidos, Israel faria uma retirada parcial de Gaza e o Hamas libertaria os reféns capturados há dois anos em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.
A retirada parcial das tropas israelenses de Gaza deveria começar em até 24 horas após a assinatura do documento. A expectativa é que todos os 20 reféns israelenses que se acredita estarem vivos sejam libertados no domingo (12) ou na segunda-feira (13), segundo uma autoridade israelense.
Outros 26 reféns já foram declarados mortos e o destino de dois deles é desconhecido. O Hamas indicou que pode levar algum tempo para recuperar os corpos que estariam espalhados pela região de Gaza.
Comemoração em Tel Aviv e na Faixa de Gaza
A notícia do pacto desencadeou comemorações tanto entre os palestinos quanto entre as famílias dos reféns israelenses.
Na Faixa de Gaza, onde grande parte dos mais de 2 milhões de habitantes está deslocada devido aos bombardeios, jovens aplaudiram nas ruas, mesmo com a continuidade de alguns ataques israelenses. “Graças a Deus pelo cessar-fogo, o fim do derramamento de sangue e das mortes”, disse Abdul Majeed Abd Rabbo, em Khan Younis, no Sul de Gaza. “Não sou o único feliz, toda a Faixa de Gaza está feliz, todo o povo árabe, todo o mundo está feliz com o cessar-fogo e o fim do derramamento de sangue.”
Em Tel Aviv, na chamada Praça dos Reféns, onde as famílias se reúnem para exigir o retorno dos capturados, Einav Zaugauker, mãe de Matan, um dos reféns, celebrou efusivamente. “Não consigo respirar, não consigo respirar, não consigo explicar o que estou sentindo… é uma loucura”, disse ela sob o brilho dos fogos comemorativos.
Ataques recentes antes da trégua
Apesar do anúncio, moradores relataram que os ataques israelenses em três subúrbios da Cidade de Gaza continuaram durante a noite e nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira, embora não houvesse relatos imediatos de vítimas. O Ministério da Saúde de Gaza reportou que pelo menos nove palestinos foram mortos por fogo israelense nas últimas 24 horas.
O acordo chega apenas um dia após o segundo aniversário do ataque dos militantes do Hamas que desencadeou a ofensiva de Israel em Gaza. As conversações indiretas no Egito resultaram neste acordo como a fase inicial de uma estrutura de 20 pontos apresentada por Trump.