Os Estados Unidos entraram oficialmente em paralisação parcial do governo federal nesta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, depois que o Congresso não conseguiu aprovar o projeto orçamentário do presidente Donald Trump. A situação, conhecida como shutdown, ocorre sempre que o ano fiscal começa sem que haja acordo para liberar verbas.
Na prática, isso significa que milhares de serviços públicos fecharam ou reduziram drasticamente suas atividades, servidores federais foram colocados em licença temporária sem salário e outros, mesmo atuando em funções essenciais, terão de trabalhar sem remuneração imediata.
Impactos imediatos nos serviços públicos
Diversos órgãos anunciaram fechamento ou funcionamento limitado já nas primeiras horas da paralisação:
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Monumento a Washington, um dos cartões-postais mais visitados da capital, foi fechado “até segunda ordem”, segundo o Serviço Nacional de Parques.
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Estátua da Liberdade, em Nova York, seguia aberta até a manhã desta quarta-feira, mas corre risco de encerrar as visitas. A governadora Kathy Hochul declarou que o estado não vai destinar verbas extras para manter o monumento.
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Instituição Smithsonian, responsável por museus e pelo Zoológico Nacional de Washington, informou que ficará aberta apenas até o dia 6 de outubro.
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Ilha Ellis, também em Nova York, que abriga o Museu da Imigração dos EUA, foi fechada ao público.
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O Serviço Nacional de Parques, que administra mais de 400 áreas e reservas, ainda atualiza seus planos de contingência. A expectativa é de que parte dos parques, como Yellowstone e Yosemite, permaneçam acessíveis, mas com forte escassez de funcionários, o que aumenta riscos de vandalismo e descuido.
Áreas mais afetadas
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Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS): cerca de 41% dos quase 80 mil funcionários foram colocados em licença. O CDC mantém monitoramento de surtos de doenças, mas suspende pesquisas e estudos preventivos. O NIH (Instituto Nacional de Saúde) também opera de forma limitada.
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FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos): seguirá aberta, mas com capacidade reduzida e atrasos em inspeções e aprovações.
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Departamento de Segurança Interna (DHS): mais de 14 mil agentes entraram em licença, embora atividades críticas como patrulhas de fronteira e operações do FBI sigam em andamento.
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Pentágono: metade dos 742 mil civis foi afastada. Já os cerca de 2 milhões de militares permanecem em serviço, ainda que sem perspectiva de salário até a resolução do impasse.
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Administração Federal de Aviação (FAA): cerca de 11 mil funcionários foram enviados para casa, enquanto 13 mil controladores de tráfego aéreo seguem trabalhando sem remuneração. A agência já operava com déficit de mão de obra antes da crise.
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Projetos em Nova York: a Casa Branca bloqueou US$ 18 bilhões destinados a obras de infraestrutura, incluindo o túnel sob o rio Hudson e a expansão do metrô da 2ª Avenida.
O que continua funcionando
Apesar das restrições, alguns serviços permanecem ativos:
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Seguridade Social, Medicare e Medicaid, que têm financiamento próprio, seguem operando.
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Benefícios de alimentação, como o SNAP, continuam no curto prazo, mas podem sofrer cortes se a paralisação se estender.
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Serviço Postal dos EUA (USPS): mantém suas operações normalmente, pois não depende do orçamento do Congresso.
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Tribunais e Receita Federal: funcionam de forma limitada, com prazos e serviços reduzidos.
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Segurança nacional: atividades das forças armadas, FBI, Guarda Nacional e patrulhas de fronteira seguem em operação.
Repercussões políticas e sociais
A disputa política que levou ao shutdown gira principalmente em torno da saúde pública. Democratas exigem a manutenção de programas de assistência médica prestes a expirar, enquanto republicanos defendem que o tema seja tratado separadamente do orçamento.
Enquanto o impasse não se resolve, a população sente os efeitos. Em Washington, D.C., ruas turísticas amanheceram mais vazias do que o habitual, segundo a agência Reuters. Cidades dependentes do turismo, especialmente em torno de parques nacionais, já se preparam para perdas financeiras.
Funcionários públicos vivem um clima de incerteza. Muitos não sabem como pagar aluguel e contas sem previsão de pagamento. Pesquisadores, guias turísticos, trabalhadores de saúde e segurança vivem a tensão entre continuar cumprindo suas funções ou aguardar em casa o fim do bloqueio orçamentário.
O shutdown no governo Trump de 2025 escancara novamente os efeitos de uma falha no diálogo entre Congresso e Casa Branca. Monumentos icônicos, pesquisas de saúde e até obras de infraestrutura foram atingidos. Serviços essenciais seguem em funcionamento, mas à custa de servidores sem salário.
Para milhões de americanos, a paralisação representa mais do que um debate político em Washington, é uma incerteza diária sobre segurança, saúde, turismo e sustento.
Com informações: Reuters, AP News, Washington Post, Politico, The Guardian, New York Post, Wikipedia.