Pelo menos 73 crianças e 22 adultos morreram por fome e doenças nos últimos 40 dias no campo de deslocados de Abú Shuk, próximo a Al-Fashir, capital de Darfur do Norte. A região está cercada pelas Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo paramilitar em conflito com o Exército sudanês.
Segundo comunicado da célula de emergência do campo, publicado nas redes sociais, a situação humanitária é considerada “catastrófica”, com falta quase total de água, comida e atendimento médico. As cozinhas comunitárias deixaram de funcionar por falta de financiamento, afetando famílias deslocadas que não conseguem acesso a alimentos.
“Mais de oito vidas se perdem por dia nessas condições”, alertou a célula de emergência.
Colapso sanitário e ambiental
Autoridades locais também denunciam risco iminente de colapso sanitário, devido a corpos espalhados pelas ruas que não podem ser enterrados por questões de segurança. O mau cheiro já se espalha pela cidade. Crianças menores de cinco anos apresentam desnutrição severa, enquanto idosos encontram-se em estado crítico.
“Nenhum paciente consegue tratamento e nenhum ferido encontra assistência médica”, reforçaram os responsáveis, pedindo à comunidade internacional a criação de corredores humanitários seguros para retirada de civis desarmados da zona de conflito.
Intensificação dos combates
No último domingo (28), o Exército sudanês informou ter repelido uma ofensiva da RSF em Al-Fashir, causando “grandes perdas” aos paramilitares, mas denunciou que, após a retirada, civis foram atacados em bairros residenciais com artilharia. O número de vítimas civis, no entanto, não foi confirmado.
Fontes militares relataram ainda o envio de suprimentos à principal base do Exército em Al-Fashir — o primeiro em quase cinco meses — diante da escalada dos confrontos, segundo o portal Sudan Tribune.
Guerra civil prolongada
O conflito entre militares e a RSF começou em abril de 2023, em Cartum, e se espalhou por todo o país. Desde então, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 40 mil pessoas foram mortas e cerca de 12 milhões foram deslocadas.
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