A União Europeia (UE) não conseguirá cumprir o prazo global para estabelecer suas novas metas de corte de emissões, uma decisão que expõe as divergências internas do bloco. A informação foi confirmada por ministros do Clima, que apontaram a falta de consenso como o principal motivo. Com isso, a UE não terá uma meta definida para apresentar na Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima semana, um revés para o bloco que costuma se posicionar na vanguarda do combate às mudanças climáticas.
A decisão de adiar o debate sobre a meta para 2040, com países como Alemanha, França e Polônia pedindo mais tempo, inviabilizou a conclusão das negociações. O comissário climático da UE, Wopke Hoekstra, defendeu o histórico do bloco, que enviará uma “declaração de intenções” à ONU, sinalizando o compromisso de buscar um corte de emissões de 66,25% a 72,5% até 2035.
Impacto nas negociações globais
A ministra finlandesa do Clima, Sari Multala, alertou que o adiamento pode enfraquecer a posição da UE nas negociações da COP30, que acontecerá em novembro no Brasil. A falta de um plano final pode minar a credibilidade do bloco ao exigir compromissos de outros países. As crescentes pressões econômicas e geopolíticas, juntamente com a ascensão de partidos populistas contrários às políticas ambientais, têm contribuído para a resistência de alguns Estados-membros.
O secretário de Estado do Clima da Alemanha, Jochen Flasbarth, expressou preocupação com a divisão da UE em relação às políticas climáticas, especialmente entre as nações mais pobres do Leste Europeu. O cenário é ainda mais desafiador com a reversão de compromissos ambientais por líderes como o presidente Donald Trump nos Estados Unidos, que tem dificultado o impulso global contra o aquecimento do planeta.