A arquitetura sustentável e o modo de vida coletivo de comunidades africanas são as principais inspirações para artistas e pesquisadores que participam da 14ª edição do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes (MG). A poeta e fotógrafa Wendie Zahibo, que nasceu na França, pesquisa a herança africana em diversos países e acredita que a maneira como esses povos habitam os territórios pode ser uma resposta para a crise climática e a sobrevivência da humanidade.
Atualmente morando no Caribe, Wendie Zahibo busca em seu projeto “masonn” reunir heranças espirituais e arquitetônicas de diferentes culturas africanas e da diáspora. Ela defende que a sabedoria ancestral, que valoriza a integração com o meio ambiente, é fundamental para criar novas formas de vida mais sustentáveis. Em entrevista, a artista destacou a necessidade de incluir vozes de mulheres negras e indígenas em debates importantes, como a COP 30, a fim de buscar soluções mais eficazes.
Outros participantes do Festival Artes Vertentes também ressaltaram a importância do coletivismo, uma forte marca da herança africana. O artista e educador maranhense Dinho Araújo defendeu a atuação conjunta de artistas e comunidade. Já o pesquisador e curador Deri Andrade destacou o papel da plataforma Projeto Afro, que ele co-coordena, para mapear e divulgar artistas negros, fortalecendo a união e a representatividade.
Com o tema “Entre as margens do Atlântico”, o Festival Artes Vertentes busca promover um diálogo entre as culturas da América, África e Europa. A programação, que também faz parte da Temporada França-Brasil, segue até o dia 21, com atividades em Tiradentes, São João del Rei e Bichinho, em Minas Gerais.