As exportações de produtos brasileiros que foram afetados pelo tarifaço americano sofreram uma queda de 22,4% em agosto. O dado é do Monitor de Comércio Brasil-EUA, um boletim elaborado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). A análise, baseada em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mostra que a queda é ainda maior do que a retração de 7,1% nas vendas de itens que não foram sobretaxados.
Segundo a Amcham, a forte queda nas vendas externas é uma consequência direta das sobretaxas impostas pelos Estados Unidos. A entidade também aponta que a desaceleração nas importações brasileiras vindas do país americano indica um efeito indireto da medida, refletindo o alto grau de integração entre as economias.
O que é o tarifaço de Trump
O tarifaço é uma medida que impõe taxas de até 50% sobre grande parte dos produtos brasileiros vendidos aos EUA. A ordem executiva, assinada pelo presidente Donald Trump, entrou em vigor no dia 6 de agosto, mas deixou uma lista de quase 700 produtos de fora da taxação. Entre os itens isentos estão suco de laranja, minérios, combustíveis e aeronaves.
O governo americano justificou a medida alegando um déficit comercial com o Brasil e a “perseguição” judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. No entanto, dados oficiais de ambos os países desmentem o alegado déficit comercial. Em agosto, o Brasil teve um déficit de US$ 1,2 bilhão com os EUA, comprovando que os americanos vendem mais do que compram do Brasil.
Impactos nas relações comerciais
A Amcham destaca que a queda de 22,4% nas exportações de produtos taxados é um sinal claro de que as sobretaxas estão influenciando as decisões empresariais. Além disso, as importações brasileiras vindas dos EUA, apesar de terem crescido 4,6% em agosto, apresentaram um ritmo de expansão bem menor em comparação com meses anteriores, indicando uma perda de dinamismo nas trocas bilaterais.