O chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, alertou que o direito humanitário internacional está sendo desconsiderado na Faixa de Gaza. Segundo Lazzarini, a situação no local pode se tornar “o novo normal para conflitos futuros”, e Gaza está se tornando “o cemitério do direito humanitário internacional”.
Em entrevista ao jornal espanhol El País, o diretor da UNRWA expressou preocupação sobre o futuro da região e levantou a questão se o território “continuará sendo uma terra para os palestinos”. Ele defende que a Faixa de Gaza continue sendo um lar para os palestinos, pois este é o único cenário consistente com a “solução de dois Estados” aceita pela comunidade internacional.
A fome em Gaza, de acordo com Lazzarini, é “provocada apenas pelo homem”. Ele destacou que a UNRWA vinha alertando sobre os sinais de desnutrição há meses, mas os avisos foram ignorados. O número de crianças com desnutrição aguda em Gaza, por exemplo, aumentou seis vezes nos últimos seis meses. A agência teme que a fome se espalhe por toda a Faixa de Gaza.
O desmantelamento da UNRWA
Lazzarini também abordou o impacto de uma campanha de desinformação de Israel, que alegou que membros do Hamas tinham se infiltrado na UNRWA. A acusação fez com que 16 países congelassem temporariamente suas doações. Ele afirmou que o objetivo de Israel é “desmantelar a agência” e minar o direito de retorno dos refugiados palestinos, o que enfraqueceria a solução de dois Estados.
Apesar do corte de doações, alguns países como Espanha, Luxemburgo e Portugal aumentaram suas contribuições, mas isso não compensou o corte total. Para o diretor-geral, o nível de inação da comunidade internacional é “chocante” e “a impunidade prevalece”. Ele conclui que as Convenções de Genebra se tornaram “quase irrelevantes” e que o que está sendo aceito em Gaza “não é algo que possa ser isolado”.