A Comissão Europeia submeteu nesta quarta-feira (3) uma proposta de acordo de livre comércio com o Mercosul, mesmo com a forte oposição da França. A aprovação da proposta é crucial para a União Europeia, que busca novas alianças comerciais a fim de compensar as perdas causadas pelas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A medida também tem o objetivo de reduzir a dependência da China, especialmente no que diz respeito a minerais essenciais.
As negociações entre os blocos — a UE e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) — levaram cerca de 25 anos para serem concluídas, em dezembro do ano passado. Para ser efetivado, o acordo precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e por uma maioria qualificada dos governos da UE (15 dos 27 membros que representam 65% da população do bloco). No entanto, a aprovação não é garantida.
Disputa e críticas ao acordo
A França, que é o maior produtor de carne bovina da UE, lidera a oposição ao acordo e o classifica como “inaceitável”. Agricultores europeus e grupos ambientalistas também se opõem ao pacto, alegando que ele abriria as portas para importações baratas de commodities sul-americanas, principalmente carne bovina, que não seguem os padrões de segurança alimentar e ecológicos da UE. A organização Friends of the Earth, por exemplo, classificou o acordo como “destruidor do clima”.
Por outro lado, defensores do acordo, como a Alemanha e a Espanha, veem o Mercosul como um mercado em crescimento para produtos europeus, como carros, máquinas e produtos químicos. Além disso, a região é vista como uma fonte confiável de minerais essenciais para a transição energética da Europa, como o lítio para baterias. O acordo também traria benefícios agrícolas, com maior acesso e tarifas mais baixas para produtos europeus como queijos, presunto e vinho no mercado do Mercosul.