A Fase de Segurança Alimentar Integrada (IPC), um monitor global de fome, declarou oficialmente que a Cidade de Gaza e as áreas vizinhas estão em situação de fome. A avaliação, divulgada nesta sexta-feira (22), coloca o foco na crise humanitária na região e aumenta a pressão sobre Israel para permitir a entrada de mais ajuda. Pela primeira vez na história, o IPC registra a fome fora do continente africano.
O relatório indica que 514 mil pessoas, o que representa quase um quarto da população de Gaza, estão enfrentando a fome. A previsão é que esse número chegue a 641 mil até o final de setembro. A situação mais grave, com cerca de 280 mil pessoas passando fome, foi identificada na província de Gaza, após quase dois anos de conflito entre Israel e o Hamas.
Acusações e contexto da crise
Para que uma região seja classificada em situação de fome, critérios rigorosos devem ser atendidos, como a escassez extrema de alimentos para pelo menos 20% da população, com altas taxas de desnutrição e mortalidade. O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a fome em Gaza como um “desastre causado pelo homem”, cobrando um cessar-fogo imediato e o acesso irrestrito de ajuda humanitária. O chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, alertou que as mortes por fome podem ser consideradas um crime de guerra.
Por outro lado, Israel rejeitou o relatório, classificando-o como falso e tendencioso. O Ministério das Relações Exteriores de Israel e o Cogat, braço das Forças Armadas israelenses, afirmam que os dados do IPC são parciais e ignoram a recente entrada de alimentos na região, acusando o Hamas de desviar a ajuda. A ONU, no entanto, tem denunciado os obstáculos para a distribuição de ajuda em toda a zona de conflito.